¡De qué quiere Usted la imagen? Preguntó el imaginero:

Tenemos santos de pino,

Hay imágenes de yeso,

Mire este Cristo yacente,


Madera de puro cedro,

Depende de quién la encarga,

Una familia o un templo,

O si el único objetivo

Es ponerla en un museo.

Déjeme, pues, que le explique,

Lo que de verdad deseo.

Yo necesito una imagen

De Jesús El Galileo,

Que refleje su fracaso

Intentando un mundo nuevo,

Que conmueva las conciencias

Y cambie los pensamientos,

Yo no la quiero encerrada

En iglesias y conventos.

Ni en casa de una familia

Para presidir sus rezos,

No es para llevarla en andas

Cargada por costaleros,

Yo quiero una imagen viva

De un Jesús Hombre sufriendo,

Que ilumine a quien la mire

El corazón y el cerebro.

Que den ganas de bajarlo

De su cruz y del tormento,

Y quien contemple esa imagen

No quede mirando un muerto,

Ni que con ojos de artista

Solo contemple un objeto,

Ante el que exclame admirado

¡Qué torturado mas bello!.

Perdóneme si le digo,

Responde el imaginero,

Que aquí no hallará  seguro

La imagen del Nazareno.

Vaya a buscarla en las calles

Entre las gentes sin techo,

En hospicios y hospitales

Donde haya gente muriendo

En los centros de acogida

En que abandonan a viejos,

En el pueblo marginado,

Entre los niños hambrientos,

En mujeres maltratadas,

En personas sin empleo.

Pero la imagen de Cristo

No la busque en los museos,

No la busque en las estatuas,

En los altares y templos.

Ni siga en las procesiones

Los pasos del Nazareno,

No la busque de madera,

De bronce de piedra o yeso,

¡mejor busque entre los pobres

Su imagen de carne y hueso !

  


O Pe. Antônio Vieira (1608-1697) é um dos grandes personagens do século XVII 
na literatura e na política, por defender os escravos e os indígenas do Brasil. 

 

Seus sermões e cartas ainda hoje são objetos de estudo nas universidades. O Pe. Antônio Vieira, numa viagem entre Portugal e o Brasil, exatamente no Natal de 1652, fez uma parada em Cabo Verde porque o navio foi atacado por piratas. Ali passou um mês, período em que escreveu uma série de cartas, chamadas Cartas de Cabo Verde.

 

Essas cartas são de grande importância para a história de Cabo Verde. Vieira escreveu para o bispo do Japão; para o superior Geral da Companhia de Jesus, em Roma, e para o superior Provincial em Lisboa. Esses três destinatários ficaram sabendo como era Cabo VerdeOs primeiros grandes documentos sobre Cabo Verde são as cartas de Pe. Vieira.

 

O Pe. Vieira, cronologicamente, está dentro do universo barroco e o pensamento dele é um pensamento muito complexo, muito marcado pelo ‘conceptismo’, que é um jogo de ideias, contrárias para se chegar a um denominador comum – isso é muito típico do barroco. Toda ‘sermonística’ do Pe. Vieira, que é um gênero da literatura, através dos sermões barrocos, e a epistolografia, ou seja, as cartas dele, são marcados por esse pensamento complexo, próprio do tempo dele. Isso porque o barroco não é a linearidade, o barroco é a complexidade não só de pensamento, mas artística também.

 

O Padre António Vieira passou a semana do Natal de 1652 na Cidade Velha, em Cabo Verde, onde pregou dois sermões (22 e 26 de dezembro) com tal sucesso que a população não o queria deixá-lo partir para o Brasil.

A estadia de seis dias em Cabo Verde não estava prevista, mas o barco em que viajava o Vieira apanhou uma tempestade depois de passar a ilha da Madeira, tendo de ser reparado na primeira cidade do então arquipélago português.

Foi assim, de forma forçada, que o autor dos Sermões teve de permanecer uma semana em Cabo Verde.

A presença de Vieira em Cabo Verde foi tão intensa que a população manifestou desejos de que ele ficasse na ilha, tendo Vieira de embarcar quase secretamente para poder seguir viagem.

A curta visita ao arquipélago foi descrita com pormenores pelo próprio Vieira, em duas cartas que escreveu. Uma a André Fernandes, bispo eleito do Japão, escrita em Cabo Verde, dia de Natal, e outra dirigida ao provincial do Brasil, escrita já no Maranhão, em 22 de Maio de 1653.

Da passagem de António Vieira subsiste a fortaleza de São Filipe, o pelourinho gótico em mármore (de 1512), e ainda que a catedral não tivesse sido construída "existia já um complexo monumental de edifícios que incluíam a cúria diocesana, os edifícios do cabido e uma parte administrativa".

A Rua Banana e a Rua Carreira são também do tempo da visita do Padre e "muitas das casas que ainda hoje estão habitadas são as mesmas".

Desse tempo resta também a Igreja de Nossa Senhora do Rosário, antigamente chamada de Confraria de Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos, onde o Padre António Vieira pregou o sermão de 22 de dezembro, num pequeno púlpito ao lado esquerdo da nave.

A escassos metros desta os jesuítas instalaram um colégio em 1604, onde permaneceram até 1642, quando abandonaram o terreno depois de conflitos com o clero local e a nova administração portuguesa. 

O próprio António Vieira, que refere a existência do colégio, indica que o edifício estava em boas condições e insistia junto dos seus superiores e autoridades do reino para que os jesuítas regressassem a Cabo Verde, o que não aconteceu.

De resto, é também Vieira que descreve a chegada da caravela em que viajava à vila da Praia (hoje Cidade da Praia, capital de Cabo Verde), no dia 20 de dezembro de 1652, fundeando um dia depois na Ribeira Grande, onde foi convidado pelo governador a hospedar-se na sua residência.

Vieira estimou em 120.000 habitantes a população das ilhas, mas mencionou que a grande diocese comportava pelas 400 léguas da costa africana uma população de milhões de gentios, gente sem idolatrias e ávidos de conhecerem a fé cristã e de se batizarem.

Vieira pregou um sermão no dia 22 de dezembro, quarto domingo do Advento, sobre São João Baptista e o batismo da penitência e outro no dia da sua partida, a 26 de dezembro, este destinado aos padres do capítulo da Sé, exortando-os a irem ao encontro das populações das ilhas e da costa africana, com um recado muito à sua maneira: se para isso deixassem as cadeiras e coro da sua Sé, louvariam muito mais a Deus e lhe fariam muito mais agradável serviço.

O Padre António Vieira partiu de Cabo Verde a 26 de dezembro de 1652 e chegou ao Maranhão a 16 de Janeiro de 1653, de onde acabaria por ser expulso pelos colonos por defender a liberdade para os índios.

Ainda que tivesse atravessado o oceano sete vezes, naufragado e sido assaltado por piratas, só uma vez esteve em Cabo Verde.

Vieira morreu aos 89 anos na Bahia, quando já tinha publicado os seus Sermões.


 

 


      Hosana ao Filho de Davi...

 


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¿Tu eres cirineo de alguien?


 


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