PORTÃO 

Lula Queiroga

Depois que te encontrei,
Uma estrela apareceu no meu teto,
Meu coração se encheu de afeto,
É como se abrisse um portão
Em nossas vidas

 

Depois que te conheci,
É como se não houvesse antes...
O mundo é agora em diante,
É como plantar um Jardim,
Nem sei quanto tempo esperamos,
Até que um dia enfim,
Você faz parte de mim,

 

Depois que te encontrei,
Uma estrela apareceu no meu teto,
Meu coração se encheu de afeto,
É como se abrisse um portão,
Em nossas vidas,

 

Depois que te conheci,
É como se não houvesse antes...
O mundo é agora em diante,
É como plantar um jardim,
Nem sei quanto tempo esperamos,
Até que um dia enfim,
Você faz parte de mim.

 

Chama de pai, Chama de mãe, Chama de filho,
Chama de irmão, Chama de amor,
Aquilo que mora nesse coração ... chama de amor, chama de amor ...

 

Adotar é um gesto  de amor!

 

Para compreender e mudar a realidade das crianças que vivem em abrigos a espera de um lar é preciso mudar primeiro a forma como olhamos a adoção.

 

Segundo o Cadastro Nacional de Adoção do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) - existem 4,8 mil crianças à espera de adoção no Brasil e mais de 37 mil candidatos habilitados à procura de novos filhos e filhas. Um dos principais motivos para essa conta não fechar é a expectativa por um perfil muito específico por parte de quem quer adotar: crianças muito novas, sem irmãos e, de preferência, brancas.

 

ADOÇÃO NO BRASIL

 

Expectativa x realidade
91% só aceitam crianças de até 6 anos ----- 92% têm entre 7 e 17 anos.
68% não aceitam adotar irmãos ----- 69% possuem irmãos.
20% só aceitam crianças brancas ----- 68% são negros ou pardos.

Conclusão: A conta nunca vai fechar se a mentalidade de quem quer adotar não mudar.

 

Os fragmentos, a seguir, são do depoimento de um pai (Edward Neves Monteiro de Barros Guimarães) à sua pequena nos ajuda a compreender a natureza do sublime gesto de amor.

 

“Será que os vínculos de amor nos aprisionam ou nos libertam?

 

Confesso, que não obtive, de início, uma perspectiva reflexiva capaz de satisfazer meus questionamentos de uma vez por todas. Percebi que eu estava preso nas teias da tensão dialética entre, por um lado, a percepção, quase imediata, dos limites impostos por todo vínculo relacional e, por outro, o prazer advindo da cumplicidade própria das vivências de amor, independente da modalidade: amor-eros, amor-filia e amor-ágape.

 

Foi, então, que contemplei você, dormindo totalmente entregue, confiante e serena nos meus braços de pai. Uma cena profundamente eloquente. De repente, desfez-se toda aporia e desapareceu toda dúvida. Percebi, com clarividência solar, que o amor não é, em primeiro lugar, um sentimento, mas uma decisão livre de dedicar-se a alguém. Por isso só pode amar, verdadeiramente, quem tem consciência da própria liberdade de dispor-se de si. O dom da “liberdade de” dispor-se de si mesmo, do próprio tempo, do próprio ser, encontra sentido maior no transformar-se em “liberdade para”, liberdade para entregar-se e colocar-se a serviço do que vale a pena: promover, gratuitamente, o bem do outro.

 

Sim, MEU PEDACINHO DE CÉU, amar só é realmente possível como um ato de poder, poder de autodeterminação. O cultivo diário e constante do cuidado, da atenção e do colocar-se, gratuita e afetivamente, a serviço do outro faz brotar em nós um sentimento lindo. Este é resultante do cultivo do bem querer do outro. O amor não prende, MINHA FILHA. Ao contrário, ele liberta a pessoa do egoísmo e do fechamento em si mesmo, para que seja possível a relação com o outro. Quando ensimesmada, a pessoa perde a capacidade de amar.

 

Necessariamente o amor não implica em reciprocidade entre quem ama e quem é amado, mas, sim, generosidade, delicadeza e grandeza de espírito de quem ama. É claro que a reciprocidade concretiza experiências maravilhosas e de sublime profundidade, mas nem sempre é realidade concreta nos caminhos do amor.

 

O tempo que “perdemos” para estar com o outro, transforma-se, quase sempre, em experiência que nos faz verdadeiramente ganhar. Sim, pois, quando amamos, nós crescemos em humanidade, em sensibilidade, em propósito de vida e fazemos crescer o horizonte de sentido. Somente quem sai de si, quem cultiva atitude de “êxodo”, para dedicar-se ao outro, torna-se capaz de “páscoa” e cultivar generosa abertura para amar e celebrar alianças, pactos e vínculos de amor. Os vínculos humanos só têm sentido quando são vínculos de liberdade e de gratuidade. Caso contrário, o vínculo transforma-se em um fardo pesado, enfadonho, obrigatório e insuportável.

 

O vínculo de amor que estamos selando entre nós, é tecido com ternura, utilizando os fios da gratuidade, da generosidade, do cuidado, do carinho, da preocupação com a felicidade do outro e da fé no Deus da Vida, que a todos iguala em dignidade e valor.

 

Torcemos para que o amor entre nós seja experiência recíproca e sempre bem cuidada por cada um de nós, mas, com toda certeza, independente disso concretizar-se, sabemos que o futuro pertence a Deus e, como já nos disse Fernando Pessoa, “tudo vale a pena quando a alma não é pequena”. Somos muito mais ricos desde a sua chegada.

Papai Edward”

 

Marcelle Durães

Equipe do site