Há muito que comentar sobre o Papa Francisco. De questões teológicas mais abrangentes a gestos e palavras voltadas para o cotidiano, estamos diante de um Papa que, de um lado, não cessa de nos surpreender e, de outro, se mostra absolutamente fiel às fontes do cristianismo. Contra aqueles que acreditam que esses dois caminhos são mutuamente excludentes – o clichê que divide a Igreja entre conservadores e progressistas -, o Papa Francisco vem comprovando dando mostras, uma vez mais, do que o cristianismo, enquanto projeto civilizatório, apresenta de melhor, ou seja, a fidelidade simultânea à sua origem e a tudo o que a história traz.Um tempo de debate entre nós está aberto e queira Deus que sejamos capazes de aprofundá-lo sempre mais. Com o cristianismo reposto nas ruas, desclericalizado, o Papa Francisco deixa a todos nós um legado, a lembrança do caráter público do cristianismo, o dever do diálogo corajoso, sereno e sábio com todas e cada uma das questões que rondam a vida humana nessa hora onde as sombras, que são muitas, não ocultam a esperança, sempre presente no coração humano. São muitas as transformações exigidas das instituições cristãs, muitas vezes confortavelmente instaladas na proteção da indiferença e da insensibilidade. Não é outra a razão das palavras mais duras do Papa terem sido dirigidas a hábitos e práticas internas ao cristianismo. Tomara que tenhamos escutado. 

Para pensar na quinzena: 

Do discurso do Papa Francisco no encontro com os dirigentes do CELAM:

          As alegrias e as esperanças, as tristezas e as angústias dos homens do nosso tempo, sobretudo dos pobres e atribulados, são também alegrias e esperanças, tristezas e angústias dos discípulos de Cristo (cf. GS, 1). Aqui reside o fundamento do diálogo com o mundo atual. 

Ricardo Fenati

29.07.2013