Muitas vezes somos levados a acreditar que é possível alguém viver uma vida sem acidentes, derrotas, tragédias ou quedas. Por isso, reagimos com mais revolta do que seria normal quando algo de negativo nos acontece, porque passamos a vida a sonhar com o nosso futuro como se nada de mal fosse acontecer, numa espécie de otimismo ingénuo.

O natural é que tenhamos momentos bons e momentos maus. Mas talvez nos sintamos derrotados vezes demais, porque, na verdade, tal como nós, os outros também falham, bem como todos os mecanismos à nossa volta.

Não deixa de ser belo que nos indignemos de forma tão recorrente com o mal, porque isso significa que mantemos o sentido de justiça e a nossa inclinação natural para o bem.

Quase todos os erros que fazem parte da vida podem ser corrigidos com tempo, paciência e amor. Assim saibamos dominar em nós as pressas e as revoltas.

A irritação não é lógica nem boa. O mal combate-se com o bem, não com o mal. Reconhecer que nada neste mundo é permanente pode ajudar a gerir melhor as nossas expetativas e as incertezas. Tudo passa. E isso é que é normal.

O nosso dever é sermos felizes. E, se não conseguimos alterar o mundo em que vivemos, então que sejamos capazes de nos mudar e de nos aperfeiçoar, tornando-nos cada vez mais capazes de aceitar o que nos acontece de mau. Ao ponto de o fazermos sem revoltas instantâneas, mas com respostas prudentes, inteligentes e certeiras.

Há quem se admire tanto a si mesmo que não muda. Esses não aceitam que haja coisas que os ultrapassem, julgam-se acima de tudo quanto os rodeia, pelo que não se adaptam aos desafios que, quer queiram quer não, têm de enfrentar e vencer… e é assim, a tentarem preservar-se, que se perdem… por não saberem distinguir o essencial do que não o é.

Saiba cada um de nós renovar-se e não deixar de dar frutos sempre novos.

José Luis Nunes Martins

in: imissio.net 01.02.24

imagem: pexels.com