Ferenczi e Winnicott convidam o Cinema para Refletir sobre a Clínica do Trauma (online e presencial)
Prof. Gleysse de Paula
Quando nos deparamos com a nossa realidade brasileira no que diz respeito sobre a violência de diversas ordens (física, psicológica e sexual) que estão submetidas as nossas crianças e as nossas mulheres ficamos no mínimo estarrecidos e não há possibilidade de não nos sentirmos convocados para pensarmos juntos sobre o manejo da nossa clínica. De acordo com os dados do Anuário Brasileiro de Segurança Pública do Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP, 2025), o ano de 2024 apresentou o pior índice histórico de registro de violência sexual contra mulheres e crianças de até 14 anos, bem como, os índices de violência doméstica e feminicídio aumentam ano após ano, sendo que em 2024, por minuto, a Polícia Militar recebe 2 chamadas de pedido de ajuda de mulheres que estão sendo agredidas em suas residências.
Então, diante deste cenário vamos propor com esse minicurso colocar para conversar a psicanálise e a arte, porque quando a psicanálise se encontra para conversar com a arte, o que se propõe é aprender sobre o que fazer com o impossível da vida, da dor e das catástrofes. Desta forma, a proposta de convidar a psicanálise para conversar com a arte se dá pelo fato de que enquanto o cinema vislumbra capturar a melhor imagem para expressar a palavra, psicanálise, por sua vez, se apropria da imagem para buscar a palavra, palavra que dê um significado, que viabilize a atribuição de um sentido.
Assim, neste minicurso, no âmbito da Psicanálise vamos propor refletir sobre o trauma a partir do pensamento de Sándor Ferenczi, com o intuito de realizar uma construção reflexiva sobre o trauma a partir de três eixos de sustentação: a) a possibilidade de pensar que o trauma não está soldado apenas ao acontecimento, mas tem um processo de atribuição de sentido; b) que este processo tem uma temporalidade própria, e c) que o ambiente tem um papel fundamental e determinante na formação do trauma.
E, concomitantemente, vamos convidar Winnicott para nos auxiliar a refletir sobre o papel do ambiente ocupando a função de testemunha ao ofertar o reconhecimento da vivência traumática, bem como, viabilizando a possibilidade de se inaugurar um outro tempo de abertura criativa a partir de um espaço potencial e da capacidade de esperançar. Pois, ser, viver, criar e relacionar-se não é dado a priori, mas é constituído no contato do indivíduo com o mundo, com o outro cuidador.
E ainda, como seria possível então, pensar sobre o manejo da clínica do trauma a partir do processo de (re)conquista do si-mesmo, da certeza de si (confiança nos próprios sentidos), da capacidade de esperançar e seguir sendo com sentido de realidade e historicização diante da dinâmica dos processos de (des)obrigação ao agressor e de reinvenção de si-mesmo?
Assim, para nos permitir ampliar nosso horizonte de reflexões, vamos convidar o cinema para entrar nessa conversa conosco. E para tal, teremos como base os seguintes filmes:
“Entre Mulheres” (Sarah Polley, 2022), que faz referência aos acontecimentos ocorridos na Colônia de Manitoba (Bolívia) entre 2005 e 2009;
“Manas” (Mariana Brennand, 2025) filme brasileiro que retrata a nossa realidade sobre a violência sexual sofrida pelas crianças e adolescentes na Ilha do Marajó;
Dia 16 de maio, às 9h30.
Investimento:
Profissionais: R$ 90,00
Estudantes: R$ 60,00
Mais informações pelo fone (31) 3342-2847 ou nossa WhatsApp (31) 9 9289-0209 ou ainda pelo email: