CARESTIA
Amor custa bem caro.
Mesmo assim depenamos bolsos
e bolsas de moedas raras.
Por ele pagamos, em prestações
nem sempre suaves, quanto
de entrada supúnhamos
de todo não poder:
o alto preço dos sustos
a conta escorchante
das noites em claro
os juros extorsivos
do medo de perdê-lo
a tristeza do saldo zero.
Queixamo-nos de carestia
se de amor-próprio ainda
nos sobra algum trocado,
mas que fazer quando só
amor é o lucro que buscamos?
Astrid Cabral
in Coração à Solta 2ª ed.
Prefácio de Alexei Bueno
Kade, Maricá-RJ, 2021
Imagem: pexels.com/matheus martelli