Eu busco o rastro de alguém

Que o mar reflete e contém.

 

Calma que eterniza as suas horas,

Ou tumulto que vibra

Nas marés desesperadas e sonoras.

 

Eu busco o rastro de alguém

Que ao meu encontro vem

No sonho de cada linha.

Alguém

Que no silêncio dos pinhais caminha,

Rio correndo, chama

Em tudo acesa.

Alguém que me devasta e inflama

Me destrói e me inunda de certeza.

 

Alguém que me devora,

Ou infinitamente longe me implora

Que venha.

Alguém que se desenha

No perfil dos montes

E sobe do fundo da terra com as fontes.

 

Sophia de Mello B. Andressen