O lado bom da vida

Melhor atriz (Jennifer Lawrence)

 

A vida tranquila de Pat acabou no dia em que descobriu que a mulher o traía. O estado de infelicidade e depressão leva-o a interromper a carreira de professor e ao internamento numa clínica psiquiátrica.

 

Oito meses passados, instala-se em casa dos pais, ainda pouco convictos da sua total recuperação. No entanto, Pat, que continua a ser acompanhado por um especialista que lhe diagnostica bipolaridade e o sujeita a forte medicação, está plenamente convicto de que o exercício físico e uma atitude positiva para com a vida serão os melhores meios para enfrentar os seus problemas.

 

Ao conhecer Tiffany, uma mulher atraente que sofreu igualmente de depressão após a morte do marido e leva agora uma vida bastante desorganizada, a afinidade entre os dois, que começa pela entusiástica partilha de nomes de ansiolíticos e antidepressivos, torna-se cada vez mais abrangente e clara.

 

Reconstruir duas vidas machucadas não será fácil, mas Pat não desiste das suas premissas positivas na forma como encara a vida e esta nova relação...

 

Construir de forma consistente uma obra que se debruce sobre um dos maiores e mais comuns problemas que afligem a nossa sociedade - a capacidade de lidar com a perda, a ausência e a frustração – está longe de ser uma tarefa fácil. Mas foi a que assumiu o realizador David O. Russell ao propor-se simultaneamente retratar, convidar à reflexão e divertir os espetadores com a adaptação ao cinema do romance “Silver Linings Playbook” de Matthew Quick (2008).

 

Num estilo ágil e mais descontraído do que profundo, “O lado bom da vida”, transformando uma simples sugestão de otimismo para com o inesperado num pretenso ‘livro de instruções para uma felicidade garantida’ -, é uma simpática abordagem à forma como lidamos com os nossos problemas.

 

Do ímpeto de evasão à procura dos paliativos mais imediatos, do desmoronamento à reconstrução da relação a dois, da dúvida e do pessimismo à convicção e à esperança em melhores dias, tudo começando no princípio de que é de dentro de nós que parte a solução, eis um filme que de forma suave é capaz de tocar questões importantes que fazem parte do nosso dia-a-dia – questões nossas ou dos que nos rodeiam.

 

Margarida Ataíde

Grupo de Cinema do Secretariado Nacional da Pastoral da Cultura

In: Agência Ecclesia