Um filme para crianças que ensina aos adultos que no fim há sempre um começo.
Na pré-história os Croods são uma família de seis que vive ao abrigo do sentido de proteção do patriarca. Confinando-os à caverna onde habitam e a uma escassa área em seu redor, Grug, o pai, crê ser esta a melhor forma de cuidar dos seus, não os expondo a nenhum tipo de ameaça... desnecessária.
Porém, quando um fenómeno incontrolável destrói a caverna e o idílio em que Grug imaginava poder viver para sempre, não resta aos Croods senão partirem em busca de um novo lugar para viver. Assim começa uma grande aventura que, sem evitar perigos lhes, proporcionará inúmeras descobertas e ótimas surpresas.
Desde 1998 que a Dreamworks Animation mantém em pleno o seu ritmo de produção cinematográfica pensado para o público mais novo, destacando-se filmes como o primogénito "Ant Z - Formiga Z", "O Príncipe do Egito", "Shrek", "Pular a Cerca", "Madagáscar", "O Panda do Kung Fu" e, mais recentemente, "O Gato das Botas".
Na sua linha, variando embora os estilos, temas abordados e equipes encarregues da concretização de cada projeto, permanecem o espírito de aventura e a preocupação de uma mensagem pedagogicamente válida. Os filmes da Dreamworks veiculam valores universais como o espírito de entreajuda, a amizade, a abertura ao outro, sobretudo o desconhecido ou diferente, o respeito pela natureza, as virtudes da esperança ou da caridade e a importância do sentido para a vida – o que normalmente move as personagens a ultrapassar o que crêem ser os seus próprios limites.
Com pouco mais de hora e meia de animada aventura, esta história de risco em que os ganhos resultam sempre superiores às perdas não evita o facilitismo de estereótipos que pouco contribuem para diferenciar o cinema como proposta de genuína interpelação humana.
Por outro lado o filme cumpre uma fórmula certeira com a passagem de uma mensagem positiva relativamente à disponibilidade para o desconhecido e à importância de se sair da zona de conforto para se poder ir mais longe – como pessoa e como família. Rejeitando o heroísmo individualista e transformando o que parece ser "o fim" num surpreendente "reinício". O que nos tempos atuais faz bom sentido.
Margarida Ataíde
In Agência Ecclesia