“A qualquer fagulha” é o nome da exposição de José Bento, nascido na Bahia radicado em Belo Horizonte desde os anos 1960, que estará na Galeria de Arte do Centro Cultural Unimed-BH Minas. Sob curadoria de Rafael Perpétuo e co-curadoria Clarice Steinmüller, são exibidas instalações e obras de José Bento que levarão o público a refletir sobre questões ambientais e sociais. “Resumidamente, pensamos em ler a obra do José Bento a partir de outras perspectivas que não foram tão exploradas”, explica Rafael. A mostra tem patrocínio máster do Instituto Unimed-BH. A exposição pode ser visitada entre os dias 1º/11 a 14/1/2024. A Galeria de Arte é aberta ao público de terça a sábado, das 10h às 20h. Domingos e feriados, das 11h às 19h. A classificação é livre.
Pode-se dizer que José Bento é um dos grandes e últimos escultores do país. “Digo isso porque o artista trabalha da mesma forma que Donatello (escultor renascentista italiano) trabalhava, como Antônio Francisco Lisboa (Aleijadinho) fazia: desbastando a madeira, lixando, polindo – claro que hoje há equipamentos que ajudam nisso, mas o formão é ainda a principal ferramenta.”, observa o curador Rafael Perpétuo.
Na Galeria, estão instalações que dialogam com a ideia iminente da combustão, da transformação em cinza, da efemeridade. “Na exposição, selecionamos obras que lidam com isso, seja a instalação “Ar” com seus cilindros de oxigênio (combustível), seja “Do pó ao pó” que contém fósforos que não devem, mas podem pegar fogo. Além dessas, acrescentamos “Mona”, que figura como um vigilante”, conta Rafael. O curador explica que não se trata de uma exaltação ao fogo, mas ao que sua simbologia revela. “Nos importa nessa exposição o fogo como elemento que move as coisas de seus lugares. Estar com o fogo na mão é estar atento”, afirma Rafael.
Sobre as leituras da exposição
José Bento leva para o público reflexões diversas, uma delas é a leitura decolonial da história e da arte. “O legal é a multiplicidade de leituras possíveis. Creio que essa obra [Iracema] tem três discursos intrínsecos importantes: a extinção da natureza (escutamos muito sobre o desmatamento da Amazônia nos últimos anos), extinguir uma das obras mais icônicas de José Bento (as árvores) e, o mito de Iracema enquanto a boa indígena. Nesse sentido é interessante refletir sobre essa mulher que é usurpada e apagada pelo colonizador português na obra de José de Alencar e como isso se relaciona com toda retomada indígena, principalmente da narrativa sobre seus próprios corpos e territórios”, observa o curador Rafael Perpétuo.
Para o presidente do Minas Tênis Clube, Carlos Henrique Martins Teixeira, é uma alegria poder oferecer para a população a chance de vislumbrar obras de José Bento. “É raro poder observar a arte de José nessa escala na capital e nos honramos por isso. O artista traz para o nosso espaço de arte observações que farão o público refletir sobre a preservação da natureza, por meio dos simbolismos do fogo e do ar e também por conta de sua principal matéria-prima, a madeira”, diz o presidente.
“O Instituto Unimed-BH se orgulha de patrocinar mais uma exposição na Galeria de Arte do Centro Cultural Unimed-BH Minas e também de ajudar a manter espaços tão importantes para a difusão da cultura mineira e nacional. Por meio das exposições, democratizamos o acesso à cultura, dando visibilidade ao trabalho de grandes artistas, como José Bento, permitindo que uma maior parcela da população conheça suas obras. Dessa forma, acredito que cumprimos nosso papel de cooperativa de saúde, comprometida com a coletividade e com o bem-estar da sociedade”, declarou a diretora-presidente do Instituto Unimed-BH, Mercês Fróes.
Rafael Perpétuo deseja que o visitante, além do deleite estético, entre em estado de fruição com as obras. “É muito legal ver quando uma exposição é capaz de fazer o espectador sair dela transformado ou, pelo menos, com uma pulga atrás da orelha. Gostaria que as pessoas saíssem pensando na importância da arte como meio de reflexão sobre a realidade que vivemos”, conclui.
Serviço:
A qualquer fagulha, de José Bento
Data: de 1º de novembro a 14 de janeiro de 2024
Horário: de terça a sábado, das 10h às 20h. Domingos e feriados, das 11h às 19h.
Entrada franca | Classificação: livre