No dia 13 de maio, o Espaço do Conhecimento UFMG, na Praça da Liberdade, inaugurou a exposição temporária “Processaber”. Ela é a segunda exposição experimental derivada do projeto, iniciado em 2013, de concepção de uma nova exposição de longa duração, que envolveu um grupo interdisciplinar de professores e alunos da UFMG.
A primeira exposição realizada, “O Assombro do Conhecer”, esteve em cartaz no Espaço do Conhecimento UFMG entre os meses de maio e agosto de 2015 e posteriormente foi montada no Campus Cultural UFMG na cidade de Tiradentes. A nova mostra, como o nome indica, propõe reflexões sobre alguns aspectos do processo do conhecer. Dentre esses, a mensuração e a nossa tentativa de padronizar, comparar e estabelecer unidades universais de medidas, inventar e construir instrumentos e índices. Como medimos a felicidade? Um jogo interativo mostrará como são estabelecidos índices como o de Desenvolvimento Humano (IDH) e o de Felicidade Interna Bruta (FIB). É possível medir a inteligência? Instrumentos, testes, aparelhos representam algumas de nossas tentativas de compreender o funcionamento da mente e do comportamento. E o que inventamos para medir o tempo, o tamanho, o peso, a profundidade, e muitas outras coisas? Os visitantes poderão descobrir o uso de uma variedade de objetos curiosos, que fazem parte do Museu do Cotidiano, coleção reunida por Antônio Carlos Figueiredo.
Outro aspecto importante que será abordado é a utilização de modelos e protótipos no processo do conhecimento. Uma galeria composta de maquetes, manequins, formas de sapateiros, moldes de costureiras são exemplos daquilo que construímos e usamos para visualizar, conceber e compreender. Para quê servem? Como funcionam? Quais são as limitações de cada modelo? Os visitantes poderão interagir com um túnel de vento e uma pequena pista de pouso para testarem modelos de aeronaves de papel que eles irão fabricar no próprio museu. “Mas o que é o conhecimento?” “Alguns saberes são mais importantes que outros?” e “quem define o que é a verdade?”. A exposição irá contar com um “Teatro da Verdade” com diferentes personagens debatendo sobre alguns desses aspectos.
Além desses aparatos expositivos, propõe-se a criação de novas histórias e narrativas para o Labirinto, dedicado às controvérsias científicas. A cada passagem são colocadas questões e segue-se para uma nova bifurcação, ou um beco sem saída, ou uma saída precipitada do labirinto. O primeiro percurso a ser testado pelos visitantes tratará de questões relacionadas à utilização de agrotóxicos.
Associações sutis e recursos expográficos
Em todo o andar que será ocupado pela exposição, optou-se pela utilização de elementos que remetem às oficinas, à ideia de processo e de construção. Há também uma espécie de brincadeira com a utilização de cores complementares, que ao longo da exposição se “neutralizam” e convidam o visitante a perceber as interdependências, conexões e aproximações dos temas trabalhados. “Nosso interesse não é, por exemplo, demonstrar as diferenças entre as formas de medir utilizadas pela ciência e no nosso cotidiano, mas pensar nas medidas e nas maneiras de conhecer o mundo, questioná-lo e interpretá-lo”, explicam Verona Segantini, Bernardo Jefferson e Cristiano Cezarino, coordenadores da exposição.
Olhar para o cotidiano
Ainda de acordo com os coordenadores da exposição, a importância da montagem está associada ao trabalho com as dimensões mais cotidianas da produção do saber. “Há muita mitificação em torno das formas de criação do conhecimento. Em geral, elas são associadas à ideia da ciência de ponta, laboratórios sofisticados, etc. No entanto, os processos que geram o saber são semelhantes aos de que todas as pessoas se valem para organizar ideias, transmitir pensamentos, usando instrumentos e linguagens diferentes, mas equivalentes”, finalizam.
O Espaço do Conhecimento UFMG estimula a construção de um olhar crítico acerca da produção de saberes por meio da utilização de recursos museais. Sua programação diversificada inclui exposições, cursos, oficinas e debates. Integrante do Circuito Liberdade, o Espaço do Conhecimento é fruto da parceria entre a UFMG e o Governo de Minas. A pesquisa para a exposição e sua montagem teve o financiamento do CNPQ. O Espaço conta com o apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais – FAPEMIG, da Rede de Museus e Espaços de Ciências e Cultura da UFMG e está subordinado à DAC – Diretoria de Ação Cultural da UFMG.
Informações
Exposição Processaber
Data: 13 de maio a 26 de setembro de 2016.
De terça a domingo, das 10h às 17h. Quinta-feira, das 10h às 21h. Entrada Gratuita.