Até o dia 8 de maio a Galeria de Arte do Centro Cultural Minas Tênis Clube exibe a exposição Força Estranha, com obras da artista centenária Lêda Gontijo. Estarão à disposição para contemplação cerca de 80 esculturas em argila, madeira e pedra, emprestadas de colecionadores particulares do Rio de Janeiro, São Paulo e Minas.
Conta-se que desde pequenina, Lêda esculpia em massas de pão à mesa do café da manhã, mostrando que a intimidade com a arte vem desde bem cedo. Com curadoria do produtor Paulo Rossi, “Força Estranha” apresentará para o grande público a aura de encantamento e mistério das peças de Lêda Gontijo. Mineira de Juiz de Fora, a artista completa 101 anos em março em plena e profícua atividade.
Lêda Gontijo foi uma das primeiras alunas de Alberto da Veiga Guignard, juntamente com suas irmãs Lisete Meimberg e Maria Luiza Falci que ficaram conhecidas como as Irmãs Selmi Dei, todas artistas de primeira grandeza. A artista fez parte da histórica turma de Guignard que ajudou a firmar o modernismo na capital, mas, como uma força estranha que a impulsionava, manteve sua independência, criatividade e personalidade na produção de suas obras sem seguir nenhum movimento artístico.
A exposição tem curadoria do produtor Paulo Rossi e não terá um caráter retrospectivo rígido, mas abordará grande parte do período de atuação de Lêda Gontijo como artista dos anos 1940 até o presente momento. O curador afirma que o que deve ser observado na exposição é o fazer artístico. “A dona Lêda transpira trabalho. Ela está o tempo todo produzindo Quando você entra em intimidade com ela e em contato com o que ela tem para contar, você fica realmente encantado”, conta. Sendo assim, não há, nesta exposição, uma obra que se destaque sobre a outra, segundo Rossi, não foi feito juízo de valor das peças expostas na Galeria de Arte do Minas Tênis Clube. “O público se sentirá livre para fruição da exposição”, enfatiza o curador.
Para o crítico e artista Márcio Sampaio, Lêda é uma artista inquieta, criativa e inventiva. “No barro, na pedra-sabão, nos diferentes tipos de madeira, da mais dura à mais dócil, nas raízes ou nos materiais novos, como a fibra de vidro e a resina, Lêda encontra – ou inventa – múltiplas possibilidades, submetendo-os aos seus caprichos criativos”, afirma.
A artista transita com facilidade entre o erudito e o popular fazendo com que a arte seja mais acessível a todos. A liberdade na forma de fazer a arte faz de suas peças únicas. “Seu olhar aguçado descobre em troncos e raízes uma possibilidade criativa. Remove da pedra a sua aridez e dá-lhe transparência e leveza. Do barro, molda histórias de gente simples, registros poéticos de um instante de vida captado com afeto; agrega tachinhas e fios dourados, pontilhando asas e cabeças numa ornamentação precisa; incrusta bronze dourado – a figura de um filho recém-nascido, pousada no colo afetuoso da mãe, esculpida na pedra rude”, observa Márcio Sampaio.
Em tempo: As esculturas de Santo Inácio e Jesus Cristo no hall de entrada do Centro Loyola são de Lêda Gontijo.
“Força Estranha”
Curadoria: Paulo Rossi
Artista: Lêda Gontijo.
Período: 9 de março de 2016 a 8 de maio de 2016.
Horário de funcionamento da Galeria de Arte: de terça a sábado, das 10h às 20h, e domingos e feriados, das 11h às 19h.
Entrada franca.