Pode alguém desconhecer o que é uma cidade? Não vivemos desde muito tempo em cidades, portanto não sabemos já o que é uma cidade? Pode ser, mas mal não fará olhar mais de perto. Cidades são, antes de mais nada, lugares de encontro, da convivência variada e da proximidade com a diferença. Basta a existência lado a lado de muitas pessoas para que se multipliquem experiências, brotem novidades e apareçam oportunidades. Foi para isto que, um dia, saímos do campo e do que, nele, parecia insuficiência e limite. Outra coisa não defende Aristóteles: nós, os humanos, somos animais políticos. Calma, políticos, no caso, quer dizer animais que vivem na polis, na cidade. Não somos deuses ou animais, ou seja, não estamos prontos, somos uma obra meramente iniciada, cujo acabamento dependerá da abertura que formos capazes de manter diante dos outros, o que a cidade, mais do que tudo, possibilita. Recusando a cidade, recusando a presença dos outros, é a nós mesmos que estaremos privando do essencial. Então é isso: esculpimos uns aos outros, somos os nossos melhores educadores. Resta ver, primeiro, se Aristóteles está mesmo certo no que diz e, em seguida, se é assim que as cidades dos nossos dias estão sendo habitadas por nós. Não custa, daqui a quinze dias, continuar esta conversa.
Para pensar na quinzena:
“Os homens nasceram um para os outros; educa-os e padece-os” (Marco Aurélio)
Ricardo Fenati
Equipe do Centro Loyola
01.06.2012