Ocupamo-nos demasiado da vida dos outros. Vivemos para nos comparar com o que os outros fazem, com os carros que os outros têm, com as casas bonitas que compraram, com as famílias perfeitas que aparentam ter, com os empregos de sonho que conseguiram, com as férias paradisíacas publicadas no instagram.
Enquanto nos vamos comparando e julgando à luz do que cremos que os outros são, estamos a viver mal e a viver pouco. Estamos, mais ainda, a viver uma ilusão que nos deixa infelizes e desanimados.
A comparação e o desejo de ter isto ou aquilo que o outro tem é inevitável, mas a vida alheia não pode ser premissa para a nossa própria vida. A verdade é que, muitas vezes, o que julgamos ver e encontrar na vida dos outros pode não existir realmente. Aquilo que vemos é só o que os outros nos deixam ver e isso quase nunca corresponde à verdade toda.
Mas não há vidas melhores que a minha?
Depende daquilo em que estás a pensar quando fazes essa pergunta mas, na realidade, cada vida e cada experiência é diferente da outra e os desafios inerentes a essa realidade podem ser exigentes numa medida que a tua compreensão não alcança.
Mais do que viveres a tua vida para alcançar algo parecido com o que os outros parecem ter ou alcançar, é importante que vivas, experimentes e construas a vida que queres.
A vida que te faz feliz.
A vida que te deixa adormecer em paz.
A vida que rima com os teus princípios e com a tua consciência.
A vida que te foi dada e que pode ser preenchida com o que bem te apetecer.
A vida que não pertence a mais ninguém.
Enquanto vivermos de aparências, de comparações e de falsas e irremediáveis expectativas não me parece que estejamos a experimentar uma existência justa e condizente com aquilo que merecemos.
Às vezes também chove e há tempestade nas férias paradisíacas.
Às vezes o emprego de sonho é um esqueleto de sentidos e de realização pessoal.
Às vezes o carro é emprestado.
Às vezes a casa está vazia.
Queres uma vida bonita?
Vive a tua.
Marta Arrais
In: imissio.net 20.07.22