"Deus mastiga com dor a nossa carne dura,

Mas nem por chorar estamos abandonados.

A água do regador alçado sobre as couves

alvoroça os insetos.

A larva na hortaliça nos distrai.

Não inventamos nada.

O ponto de cruz é iluminação do Espírito;

o rei, a dama, o valete, são sérios farandoleiros.

Se nos mastiga com dor,

é por amor que nos come.

Vamos rezar as matinas".

 

 

Adélia Prado

In: Coração Disparado, Editora Record.