Acorda bem cedo o homem
da casa de telha vã
e abre janela e porta
como se abrisse a manhã.
E eis que a vida não é mais
nem triste, nem só, nem vã.
É doce: cheira a goiaba
e brilha como romã
orvalhada. E ele caminha,
o homem, com passos de lã
para em nada perturbar
a quietude da manhã.
Já não há mágoas de perdas
nem angústias de amanhã,
pois a alma que há na calma
entre a goiaba e a romã
é a própria alma do homem
da casa de telha vã,
que declara a noite morta
e acende em si a manhã.
Ruy Espinheira Filho