O nosso presente, logo que alcança
o futuro, já o transforma em passado.
A vida é constante perder. A vida é,
pois, uma constante saudade.
Há uma saudade queixosa: a que
desejaria reter, fixar, possuir.
Há uma saudade sábia, que deixa as
coisas passarem , como se não
passassem. Livrando-as do tempo,
salvando a sua essência da eternidade.
É a única maneira, aliás, de lhes dar
permanência: imortalizá-las em amor.
O verdadeiro amor é, paradoxalmente,
uma saudade constante, sem egoísmo nenhum.
Cecília Meireles