Eu irei até às fronteiras,
Para nunca mais voltar
Como era, como sou.

Para nunca mais sentir-me
Um normal filho de casa,
Se algum dia regressar,
Se talvez me regressarem.

De uma clara vez por todas
Eu já terei descoberto,
Como impostas, as fronteiras
E a Terra Nova, vedada.

Voltarei, grandes os olhos,
Porque passei o horizonte.
E o coração requerido
Pela Presença do Ausente
Com Quem vivi mais liberto.

Pedro Casaldáliga

In: CASALDÁLIGA, Pedro. Versos Adversos. Antologia. São Paulo: Fundação Perseu
Abramo, 2006, p. 74.

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