Perto da criação do mundo
Para a minha irmã Teresa e para o meu irmão Zé Pires
Era a quinta dos avós.
Nós eramos crianças
e subíamos às figueiras.
As pernas aprendiam o equilíbrio.
A vertigem da queda a oscilar no corpo.
Chegávamos aos frutos pelo cheiro.
A boca antes das mãos a lamber o mel.
A respiração tão apressada
como um tumulto de pássaros.
Num jogo para lá do tempo.
Perto da criação do mundo.
Graça Pires
Do livro O improviso de viver, a ser publicado em março deste ano (2023)