Então, em maio, um Anjo incendiou-me.

Em seu olhar azul havia um dia

claro como os da infância. E a alegria

entrou em mim e em sua luz tomou-me

 

o coração. Depois, suave, guiou-me

para mim mesmo, para o que morria,

em meu peito, de olvido. E a noite, fria,

fez-se cálida – e a mágoa desertou-me.

 

Já não eram as cinzas sobre o Nada,

mas rios, e ventos, e árvores, e flamas,

e montes, e horizontes sem ter fim!

 

Era a vida de volta, resgatada

e nova, e para sempre, pelas chamas

Desse Anjo de maio que arde em mim!

 

 

Ruy Espinheira Filho