O vídeo é um curta-metragem brasileiro do ano passado (18 minutos). Trata-se de uma coletânea de testemunhos de homossexuais (homens e mulheres) e transexuais, nos quais, em linhas gerais, eles relatam três grandes momentos de suas vidas: 1) descobrirem-se homossexuais (ou transexuais); 2) aterrorizarem-se com a perspectiva de terem que contar para seus pais (ou para a sociedade); 3) viverem a leveza e a realização de uma vida que busca ser honesta consigo mesma.
Viver humanamente não costuma ser uma tarefa trivial para ninguém. E é no fundo sobre esse desafio da construção de uma vida humana, digna, que trata o curta-metragem Não gosto dos meninos. Ao longo dos seus dezoito minutos, somos apresentados à vida de algumas pessoas comuns, cujo grande distintivo com relação à média da nossa sociedade é o fato de serem homossexuais. O documentário tem como finalidade primeira, poderíamos dizer, ajudar outros homossexuais na usualmente dolorosa jornada de descoberta, aceitação e vivência de sua própria sexualidade. Não obstante, ao confrontar-nos com o desafio de abandonarmos as máscaras que vestimos para sermos aceitos ou acolhidos socialmente, ele nos interpela a respeito do que temos feito com o mais profundo e verdadeiro de nós mesmos: damos conta de assumi-lo e vivenciá-lo com todo o risco que isso nos traz, ou nos acomodamos com a aparentemente confortável situação de tê-lo escondido no mais profundo de nosso ser? Na vida real, não são apenas os gays que precisam sair do armário para serem felizes, somos todos nós! E essa saída não é algo que se processa de uma vez por todas, mas, de fato, está sempre tendo que acontecer.
Cristiano Cordeiro Cruz
Equipe do site do Centro Loyola
01.07.2012