aDeus

Helena Kendall

Pelas vinhas junto ao céu
Vou andando como quem não sabe bem que se perdeu
Por caminhos de perder a vista ao fim
Sem dar conta a noite veio e já desceu sobre mim

Ando às voltas por aí
E é tão leve a sensação estar tão perto de ti assim
Vou subindo sem saber se sei descer
Cresce o cheiro a terra e a vontade do sol de nascer

Quando for grande quero uma casa junto ao céu
Ninguém me disse que à noite fica escuro como breu
E já que não posso ter-te outra vez junto a mim
Resta-me andar e esperar que as minhas preces cheguem até ti

Conta-me tudo outra vez
E responde-me às perguntas da idade dos porquês
Nos meus bolsos trago bocadinhos teus
Desembrulho a oração que me escreveste no adeus

Quando for grande quero uma casa junto ao céu
Ninguém me disse que à noite fica escuro como breu
E já que não posso ter-te outra vez junto a mim
Resta-me andar e esperar que as minhas preces cheguem até ti
E já que não posso ter-te outra vez junto a mim
Resta rezar e esperar que as minhas preces cheguem até ti

 

Linda letra e música! Doçura de alguém que despede-se de um ser querido.

Na música parece ser a perda do pai, filho ou avô... Ela sente ele ainda perto... O vídeo que acompanha a música mostra uma família despedindo-se dessa pessoa e tocando nos objetos queridos deixados por ela. Ou ainda, são pessoas com um objeto da pessoa amada que se foi.

A primeira vez que ouvi senti a música como uma grande prece, uma grande declaração de amor e "já que não posso ter-te outra vez junto a mim, resta-me andar e esperar que as minhas preces cheguem até ti"... Também percebe-se o desejo que o tempo volte e essa pessoa conte as histórias, responda as perguntas...

A música se tornou uma maneira de tocar a pessoa amada que se foi, uma reverência ao que ela significa. É uma ternura e, ao mesmo tempo, um lamento a Deus pela falta dessa pessoa, falta que veio como noite sobre a vida da autora. 

Lucimara Trevizan

Equipe do Centro Loyola

13.01.2021