Drão

Gilberto Gil

 

Drão!
O amor da gente é como um grão
Uma semente de ilusão
Tem que morrer pra germinar
Plantar nalgum lugar
Ressuscitar no chão
Nossa semeadura
Quem poderá fazer aquele amor morrer
Nossa caminhadura
Dura caminhada
Pela noite escura

Drão!
Não pense na separação
Não despedace o coração
O verdadeiro amor é vão
Estende-se infinito
Imenso monolito
Nossa arquitetura
Quem poderá fazer aquele amor morrer
Nossa caminhadura
Cama de tatame
Pela vida afora

Drão!
Os meninos são todos sãos
Os pecados são todos meus
Deus sabe a minha confissão
Não há o que perdoar
Por isso mesmo é que há de haver mais compaixão
Quem poderá fazer
Aquele amor morrer
Se o amor é como um grão
Morre, nasce trigo
Vive, morre pão
Drão!
Drão!

Drão é um dos grandes clássicos da música popular brasileira. Extremamente original, a canção autobiográfica composta por Gilberto Gil, trata do divórcio de uma forma muito especial. Os versos dedicados à separação são repletos de afeto, carinho e respeito. Composta em 1981 e lançada em 1982, Drão é, antes de tudo, uma lindíssima homenagem à Sandra Gadelha, ex-mulher de Gil e mãe de três dos seus filhos (Pedro, Preta e Maria). O título da música faz uma referência ao apelido carinhoso dado à Sandra Gadelha. A letra, autobiográfica, foi composta durante a separação.

Só a poesia para tentar nomear os percalços de um amor. 

Equipe do site.

14.06.23