Mortal Loucura

(Gregório de Matos / José Miguel Wisnik) 

 

Na oração, que desaterra … a terra,
Quer Deus que a quem está o cuidado … dado,
Pregue que a vida é emprestado … estado,
Mistérios mil que desenterra … enterra.

Quem não cuida de si, que é terra, … erra,
Que o alto Rei, por afamado … amado,
É quem lhe assiste ao desvelado … lado,
Da morte ao ar não desaferra, … aferra. 

Quem do mundo a mortal loucura … cura,
A vontade de Deus sagrada … agrada
Firmar-lhe a vida em atadura … dura.

O voz zelosa, que dobrada … brada,
Já sei que a flor da formosura, … usura,
Será no fim dessa jornada … nada.

 

Somos seres de travessia, marcados pela fragilidade em nossa natureza humana (a mortal loucura).

Nas tramas da nossa existência o cuidado é a essência. E, quem não se cuida erra.

Cabe a cada ser humano individualizar a transitoriedade da jornada e dar voz a sua vida, que é dom.

"Mistérios mil desenterra e enterra"...

  

"Saber interpor-se constantemente entre si próprio

e as coisas é o mais alto grau de sabedoria e prudência."

Fernando Pessoa

 

Marcelle Durães

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