Nas Margens de Mim
O Teatro Mágico
Eu me senti como um rei / Me larguei, dormi / Nas margens de mim
Me perdi por querer / Eu não fiz, não fui / Me desaprendi
Eu quis prestar atenção / Em tudo que é menor / Mais lento e baldio
Deixo o rio passar / Tão voraz, veloz / Me deixo ficar
Quando o sol acena parte em mim / Diz valer a pena ser assim
Que no fundo é simples ser feliz / Difícil é ser tão simples
Difícil é ser tão simples / Difícil mesmo é ser
Me recolhi, fiquei só / Até florescer desapego e raiz
Improviso e razão / Tanto pra colher / Agora e aqui
De qualquer maneira, parte em mim / Diz valer a pena ser assim
Que no fundo é simples ser feliz / Difícil é ser tão simples
Difícil é ser tão simples / Difícil mesmo é ser
Vivemos sob a égide do tempo CRONOS, “voraz e veloz”. O ritmo pós - moderno nos quer aptos para produzir e consumir cada vez mais, sem pausas... Este tempo nos atomiza, nos faz colocar no centro de nossa vida coisas que são secundárias, das margens, nos leva a não pensarmos em nós...
Esta música é uma inspiração para nos abrirmos ao KAIRÓS. Esta forma de tempo “mais lenta e baldia”, que nos convida a nos desaprendermos, e conscientemente irmos até nossas margens, “nos perder por querer” e cultivar a nossa existência, a essência de nossa humanidade: ser sinal de amor, aberto aos outros. E aos poucos, ir trazendo ao centro o que é do centro.
É preciso buscar tudo o que é menor, “deixar florescer desapego e raiz”, neste nosso tempo em que estamos sedentos de raízes, de lugares sólidos para pisar já que nosso mundo é repleto de efêmeros e de liquidez...
Estamos carentes de sentido, por isso é importante aceitar o convite de se abrir para o KAIRÓS e experimentar a Graça de Deus. Porque “difícil é SER”. Mas esta é a nossa missão! E este é o convite que Deus nos faz: - SERMOS HUMANOS! E não nos esqueçamos que é “feliz quem entende que é preciso mudar muito para ser sempre o mesmo”. (D. Hélder Câmara).
Carla Regina de Miranda