Socorro

Arnaldo Antunes 

Socorro / não estou sentindo nada. Nem medo, nem calor, nem fogo. Não vai dar mais pra chorar nem pra rir

Socorro / Alguma alma, mesmo que penada / Me empreste suas penas / Já não sinto amor, nem dor / Já não sinto nada 

Socorro, alguém me dê um coração / Que esse já não bate nem apanha
Por favor! / Uma emoção pequena, qualquer coisa! 

Qualquer coisa que se sinta / Tem tantos sentimentos
Deve ter algum que sirva / Qualquer coisa que se sinta
Tem tantos sentimentos / Deve ter algum que sirva 

Socorro / Alguma rua que me dê sentido
Em qualquer cruzamento / Acostamento, encruzilhada /Socorro! Eu já não sinto nada

Socorro / Não estou sentindo nada (nada, nada)
Nem medo, nem calor, nem fogo / Nem vontade de chorar / Nem de rir 

Socorro / Alguma alma mesmo que penada / Me empreste suas penas
Eu Já não sinto amor, nem dor / Já não sinto nada

Socorro, alguém me dê um coração / Que esse já não bate nem apanha
Por favor! / Uma emoção pequena, qualquer coisa! 

Qualquer coisa que se sinta / Tem tantos sentimentos
Deve ter algum que sirva / Qualquer coisa que se sinta
Tem tantos sentimentos / Deve ter algum que sirva

 

Há momentos que nos sentimos a mais miserável de todas as criaturas. Tudo vazio e acabado.  

Dias em que não dá pra chorar e nem pra rir: a vida em seus tons de cinza.

Momentos de desconstruções em que somos convidados a visitar as câmaras mais profundas do nosso coração e lidar com toda aridez do Ser.

Aí descobrimos que nos constituímos um mistério a nós mesmos. Somos humanos desconhecidos em construção, sedentos de algum sentimento que sirva e aponte caminhos em nossas buscas interiores. 

"Eu queria solidão, para não ferir aos outros nem ser machucada." Lya Luft

 

Marcelle Durães

Equipe do Catequese Hoje