Diretor: Andrés Wood
Chile/Argentina/Brasil, 2011
Baseado no romance homônimo de Ángel Parra, filho de Violeta Parra.
Gracias a la Vida
Gracias a la vida, que me ha dado tanto
Me dió dos luceros que cuando los abro
Perfecto distingo lo negro del blanco
Y en alto cielo su fondo estrellado
Y en las multitudes el hombre que yo amo
Gracias a la vida, que me ha dado tanto
Me ha dado el oído, que en todo su ancho
Traba noche y dia grillos y canarios
Martirios, turbinas, ladridos, chubascos
Y la voz tan tierna de mi bien amado
Gracias a la vida, que me ha dado tanto
Me ha dado el sonido y el abecedario
Con él las palabras que pienso y declaro
Madre, amigo, hermano y luz alumbrando
La ruta del alma del que estoy amando
Gracias a la vida, que me ha dado tanto
Me ha dado la marcha de mis pies cansados
Con ellos anduve ciudades y charcos
Playas y desiertos, montañas y llanos
Y la casa tuya, tu calle y tu patio
Gracias a la vida, que me ha dado tanto
Me dió el corazón que agita su marco
Cuando miro el fruto del cerebro humano
Cuando miro el bueno tan lejos del malo
Cuando miro el fondo de tus ojos claros
Gracias a la vida, que me ha dado tanto
Me ha dado la risa y me ha dado el llanto
Así yo distingo dicha de quebranto
Los dos materiales que forman mi canto
Y el canto de ustedes que es el mismo canto
Y el canto de todos que es mi propio canto
Gracias a la vida
Funeral de um Lavrador
Chico Buarque/ João Cabral de Mello Neto
Esta cova em que estás com palmos medida
É a conta menor que tiraste em vida
É de bom tamanho nem largo nem fundo
É a parte que te cabe deste latifúndio
Não é cova grande, é cova medida
É a terra que querias ver dividida.
É uma cova grande pra teu pouco defunto
Mas estarás mais ancho que estavas no mundo
É uma cova grande pra teu defunto parco
Porém mais que no mundo te sentirás largo
É uma cova grande pra tua carne pouca
Mas a terra dada, não se abre a boca.
É a conta menor que tiraste em vida
É a parte que te cabe deste latifúndio
É a terra que querias ver dividida
Estarás mais ancho que estavas no mundo
Mas a terra dada, não se abre a boca.
Violeta del Carmen Parra Sandoval (San Carlos, 4.10. 1917. Santiago do Chile, 05.02.1967) foi uma compositora, cantora, artista plástica e ceramista chilena, considerada a mais importante folclorista daquele país e fundadora da música popular chilena.
João Cabral de Melo Neto (Recife, 09.01.1920. Rio de Janeiro, 09.10. 1999) foi um poeta e diplomata brasileiro.
Duas personagens de universos absolutamente distintos. Mas, o poema de João Cabral, cantado em versos por Chico Buarque, apresenta a miséria de nosso povo brasileiro. E o mesmo apresentava Violeta, cantando as dores e desditas de seu povo, mas sendo ela esse mesmo povo! Talvez por isso ela nos tenha legado essa pérola, Gracias a la vida! Dá Graças à Vida, quem tem a dimensão do sofrimento!
Apenas fazendo memória, para que cada um que vir o filme e ler estas poucas linhas, possa buscar fazer memória de nosso povo, de nossos vizinhos latino-americanos, e de nosso comprometimento com a vida que nos rodeia. Em 1968, Chico cantava “Funeral de um lavrador”, e eu cantava junto. No início dos anos 70, descubri Mercedes Sosa e com ela Violeta Parra. Me encantei com a luta dessa mulher. E cantava Gracias a la vida! E meu pai se enciumava, pois achava que eu tinha que dar graças era aos pais. Mas ele não entendia! E eu pude entender mais plenamente esta música quando a usei, já na maturidade, como o hino da festa “Celebrando a Vida”, em que juntei e agradeci a tantos que me ajudaram a fazer a vida viva!
Maria Tereza Moreira Rodrigues
Psicanalista – Espiritualidade Inaciana
01.09.2012