Pondé, Luiz Felipe. Os dez mandamentos (+um). Aforismos Teológicos de um Homem Sem Fé.

Editora Folha.

 

Você, leitor (a), que tem bons motivos para gostar de teologia, leia. E você, leitor(a), que não vê porque ler qualquer coisa de teologia, e tem à mão razões para isso, leia também. Em ambos os casos, é o que acho, não faltarão surpresas. A começar pelo título, teologia escrita por um homem sem fé. Não se apresse, talvez a fé não seja o único acesso a Deus. Não, não pense que o livro vá pelo caminho da razão, longe, muito longe, disso. Então, aproveite para reconhecer que o vai e vem entre a razão e a fé não é tudo. Trata-se, é o autor que o diz, de teologia selvagem. Começa lembrando que  “ Este livro foi escrito por um homem que não recebeu o dom da fé. Caminho nos campos do Senhor, como diz a Bíblia, como um cego em um jardim”. Se está longe, como diz, das religiões institucionais, não está menos longo do ateísmo, considerado como uma operação intelectual banal, quase infantil. Entre suas companhias estão Kazantzakis, Nietzsche e Dostoievski, que sabem todos que, cito Pondé, “que o homem é mais interessante quando se perde”.  E se o livro é um comentário da Bíblia, é preciso lembrar que “O mundo, aliás, está repleto de descrentes que compreendem melhor a Bíblia do que os teólogos. Tanto mais que, atualmente, a teologia se tornou “a louca da casa”, envergonhada de sua própria fé. Transformou-se em uma lacaia das modas intelectuais, querendo ser aceita por marxistas, freudianos e foucaultianos, em um mundo afogado em ressentimento e onde todos são mimados e todos se ofendem.” 

 

Aqui a teologia é brota da aventura humana, dessa disposição de buscar “a intimidade com Deus e a coragem de viver com Ele.”

 

O comentário de cada um dos dez mandamentos e a sugestão da inclusão de mais um, veja qual, é feito a partir de um mesmo princípio, “aprender a ser um homem e uma mulher diante do Eterno”. Não parece que a leitura vale a pena? 

 

Ricardo Fenati

Equipe do Centro Loyola