Atirar-nos e ir. Arriscar. Praticar o recomeçar. Uma e outra vez. Ousar ser inteira, cada vez mais inteira em cada recomeço. Ousar mostrar-nos. Ousar falar, ousar errar, ousar cair, ousar cometer erros. Viver é a verdadeira adrenalina. 

Não me iludo. Não me pressiono. Aceito que às vezes a melhor opção é parar, mesmo quando todos nos dizem para continuar. Eles não são nós. Só eu só eu. Só eu sou capaz de ouvir o chamamento da vida, de Deus, de Jesus, do espírito santo, do amor. Só eu sei. Só nós sabemos. 

Uma vez uma amiga disse-me, citando Susanna Tamaro: “E quando à tua frente se abrirem muitas estradas e não souberes a que hás-de escolher, não metas por uma ao acaso, senta-te e espera. Respira com a mesma profundidade confiante com que respiraste no dia em que vieste ao mundo, e sem deixares que te distraia, espera e volta a esperar. Fica quieta, em silêncio, e ouve o teu coração. Quando ele te falar, levanta-te, e vai para onde ele te levar.” O nosso coração sabe o caminho. Ele sabe mesmo. Ousar senti-lo e segui-lo é o desafio diário. Mas quando o fazemos, quando nos colocamos inteiras no mínimo que fazemos não há erros ou desilusões, há oportunidades de aprendizagem, há crescimento, há vida. Sim, é mais fácil ficar no sofá. É mais fácil ficar sentado no conforto. Mas ir é o que nos permite florescer, é o que nos permite criar-nos, experimentar-nos.

Confiar é o verdadeiro desafio. Confiar que sabemos o caminho. Confiar na voz que ouvimos dentro de nós. Confiar nos nossos dons. Confiar no espirito santo. Confiar. Entregar. Precisamos de nos entregar com a mesma coragem com quem um paraquedista se atira do avião. Ele testou tudo. Mas quantas coisas ainda assim podem dar errado? Muitas!. Todas! E ainda assim ele vai. Confia, entrega-se. Assim façamos nós. Ouçamo-nos, sintamos o espírito santo dentro de nós a mostrar-nos o caminho. E, ouvindo-o, vamos. Só vamos. Vamos reconhecendo que podemos não estar totalmente capacitados, mas certos que “Deus não escolhe os capacitados, capacita os escolhidos”(Albert Einstein). 

No entardecer da vida seremos julgados pelo amor” diz-nos São João da Cruz e “a salvação que brota do encontro com o Amor Incarnado leva, não a uma vivência em busca do não pecar, mas a uma vivência em procura constante do mais amar.” (Susana Vilas Boas). Então que o nosso foco seja o amor, que o nosso foco seja amar. Se nos focarmos no amor nada mais na nossa vida e no nosso caminho será se não o amor. Seremos e viveremos em vida o que santo agostinho apregoou “Ama e farás o que quiseres”.

Paula Ascenção Sousa

20.06.22 

In: imissio.net