Benett

As decisões do Supremo Tribunal Federal acerca do Ensino Religioso nas Escolas configuram enorme retrocesso! Deve-se ampliar essa disciplina, sem proselitismos, oficializando uma disciplina de Formação Humana Integral (FHI) no Ensino Fundamental na Escola Pública, e um correspondente programa de Formação Acadêmica para professores da dita disciplina, com foco na formação humana pessoal e coletiva. Vale observar que não se pode construir uma boa casa se o material é de má qualidade. Sem o aperfeiçoamento de cada elemento individual, a maravilhosa planta do arquiteto só servirá para uma realização insatisfatória, exigindo contínuos consertos, sem nunca atingir o efeito desejado. Para sublinhar a importância pode-se citar a palavra do filósofo Bergson, na primeira metade do século XX, diante da “invasão tecnológica”. “A humanidade precisa de um suplemento de alma”. A “invasão informática” certamente não é menos impactante que a invasão tecnológica do século passado. Como evitar que os alunos se tornem meros consumidores passivos, quase que drogados, dos meios eletrônicos? Como ensinar-lhes a unir um profundo humanismo com o domínio da tecnologia, com as exigências ecológicas, com a construção de um novo tipo de personalidade no momento da desconstrução dos modelos familiares e afetivos tradicionais? Um programa universitário para formar professores nesta linha e um programa escolar, elaborado pelas instâncias competentes, para passar tal formação aos alunos não são um luxo, não são “coisas do primeiro mundo”, são necessidade para o mundo inteiro.

 

Parece, portanto, necessário instituir no Ensino Público uma disciplina de Formação Humana Integral (ou Formação para a Vida), com toda a estrutura que uma disciplina escolar exige, e que sirva para garantir no ensino a dimensão humanizadora que na hora atual aparece como uma das maiores lacunas do ensino.

 

Diante da decisão do STF a favor de um Ensino Religioso confessional, pode-se alegar que o ER não é obrigatório para o aluno (sim para a Escola), e que poderá haver um programa alternativo para quem não deseja o ER, mas as instâncias responsáveis não fornecem as condições necessárias para programas alternativos e escondem isso aos pais e alunos para não terem de organizá-los.

 

Johan Konings

FAJE-Faculdade Jesuíta de Filosofia e Teologia