Não podemos viver sem esperança, mas esta não é uma tarefa evidente nem fácil. A vida é tátil, é aquilo de que nos podemos aproximar, é aquilo que trazemos entre as mãos.
Atenção, porém: a vida não se reduz só à memória e ao presente que experimentamos com os sentidos. Com efeito, precisamos de uma educação para a esperança.
A esperança não é um lenitivo que adormece a dor até termos adquirido a coragem para enfrentar seriamente a vida, mas é uma força que impregna desde já o presente, e nos motiva para a transformação da história.
A esperança não é um adiar “sine die”, é um compromisso. Não é uma abstração idealizada, é um dinamismo concreto, uma laboriosidade no aqui e agora, uma abertura ao futuro.
Quanto ao seu significado profundo, e a como se pratica, há aquela história do velho monge que tinha decidido alcançar o cimo de uma certa montanha, e que, numa das primeiras etapas do caminho, pernoita num albergue.
O albergador nota a sua fragilidade, e tenta dissuadi-lo, fazendo-lhe o elenco dos perigos que a empresa ocultava. Mas o monge responde: «Estou seguro de chegar à meta».
«E como pode um homem frágil como tu ter tal certeza? Além disso, está a chegar um inverno duro.» O ancião replicou: «Pus o meu coração lá em cima, porisso sei que os meus passos, por muito incertos, chegarão até lá».
D. José Tolentino Mendonça
In: Avvenire