O que nos salva no meio do caos em que o mundo parece estar imerso?
O que nos salva dos temores de um amanhã que não melhore? Que não nos dê o que precisamos e o que merecemos?
Vamos caminhando num mundo profundamente doente. Doente na forma e na estrutura. Um planeta que vai tossindo cada vez mais, até cuspir sangue. Um planeta verde-negro que ninguém parece querer resgatar. Doente na alma e na raiz. Doentes, nós, de saudade dos tempos melhores e prósperos que eram nossos antes de nascermos… ou que nunca existiram, realmente. Doentes num sentir manipulado e transferido para coisas que pouco importam e interessam. A saúde que nos falta é, principalmente, a saúde da alma. Essa que não sabe bem para onde vai ou navega. Se deve surfar a onda azul ou verde; ou se deve deixar-se ficar debaixo da maré.
Vamos caminhando sem sair do sítio. Perdidos do que somos e do que queremos ser.
Mas há algo que me parece comum, também, a todos os que desanimamos.
Continuamos, sempre. Avançamos, sempre. Pegamos fogo ao mundo com a nossa chamazinha já só meio acesa. Incendiamos outros com a nossa luz fraca e ténue. Mas que permanece, ainda.
Seguimos, sempre. Damos as mãos aos que estão ao lado e, até, aos que não conhecemos bem, se for preciso. Porque é dessa fibra que somos feitos. Dos que são rumo e trilho. Dos que podem cair cem vezes, mas que se levantam outras tantas. Dos que se assustam e vacilam. Mas dos que se deixam renascer e renovar, também.
O mundo grita lá fora. Mas a (nossa) luz grita mais alto.
Podem tirar-nos tudo.
Mas há três coisas que nos mantêm vivos. Juntos. E a andar.
A fé.
A esperança.
E o amor.