Sabemos o tempo que já vivemos, mas ignoramos por completo quantos anos temos ainda para viver!
A vida vai-nos empurrando sempre para diante, fossilizando o que foi vivido e impedindo-nos de lá voltar, nem que seja por um segundo. O passado é imutável, embora seja sempre uma riqueza pessoal, qualquer que seja a proporção de sucessos e fracassos, de erros e decisões acertadas.
Podemos arrepender-nos, entregando o nosso futuro como penhor da culpa passada, alterando as nossas escolhas a fim de ultrapassarmos a falha. Mas também podemos fugir para o amanhã, como se o que fomos não fosse parte do que somos.
A vida é um dia, um instante passageiro, uma hora que sempre nos escapa. É certo que a vida se vive para diante… Mas para a compreender é essencial aceitar, assumir e analisar com o máximo cuidado todo o trajeto e cada um dos passos que foram dados.
Se o amanhã não é certo, devemos pensar bem sobre o que queremos e o que não queremos hoje, evitando deixar que o acaso guie a parte que nos cabe decidir.
Importa abrir o coração ao que nos ultrapassa, porque a vida é um mistério profundo e um milagre bondoso.
A nossa existência é essencial à vida, mas o mar é grande e o nosso barco é pequeno.
Que eu seja capaz de deixar as minhas misérias para trás e aventurar-me pelos oceanos desconhecidos da liberdade.
Que eu saiba escutar o Amor e aprenda, no silêncio da sua presença, a compreender o mistério da minha existência.
José Luís Nunes Martins
Artigos de opinião publicados no site da Agência Ecclesia