É urgente o tempo para parar.

Para dar prioridade ao silêncio e ao sossego.

Para colocar o corpo em ponto morto e tirar a chave da ignição.

É urgente colocar o que é importante no lugar certo e retirar os sublinhados fluorescentes das coisas que não nos acrescentam, mas que, por tantas razões, nos distraem e entretêm.

É urgente a calma e preferir o bater das ondas em vez do bater de um coração quase sempre alucinado e pouco consciente dos perigos do ritmo que escolhe.

É urgente o respirar fundo, o agradecer o que veio para nos ensinar e o que nos tirou o sono. Tudo fez parte daquilo que somos chamados a viver. Tudo pode ser um mestre e um sábio se quisermos encarar a vida com essa humildade.

É urgente sentir a dor que houver para sentir e não lhe virar as costas. É quando não olhamos para as coisas que elas ganham poder absoluto sobre nós.

É urgente deixar cair. Deixar passar. Não dar protagonismo aos personagens secundários da nossa história. Todos seremos julgados, um dia, por aquilo que soubemos dar com amor e sem exigências.

É urgente o tempo de descanso, de cuidado dos ritmos pessoais e do simples ver passar o tempo como quem vê passar as nuvens.

É urgente viver para se ser tudo o que a vida quiser, sem desejar que parte alguma fique de fora.

É urgente fazer um intervalo nas preocupações e observar aquilo que flui, na mesma, sem a nossa autorização ou interferência.

Não vamos conseguir sempre. Não vai ser sempre fácil e nem todos os acontecimentos poderão conter-se na dimensão do nosso entendimento.

Que saibamos olhar para o que não compreendemos como parte deste mistério absurdo, mas incrível, de estarmos vivos.

Marta Arrais

In: imissio.net

19.06.2024

imagem: pexels.com/andrefurtado