Há cada vez mais distrações na nossa sociedade. É hoje mais difícil dedicarmo-nos ao que é essencial na nossa vida. A vida anda tão agitada que já quase ninguém consegue parar um pouco e focar-se no mais importante.
E o mais valioso não está em mim… está no outro, que está próximo, ali mesmo, diante de mim.
Se medito na minha vida, é possível que me perca por entre tantas possibilidades, tantos passados, uns mais verdadeiros que outros. E em tantos futuros, uns mais agradáveis do que outros. Mas quantas pessoas conseguiram escolher bem o seu destino e o seu caminho para lá chegar, só ao admirarem-se a si mesmas?
Precisamos de nos mudar a nós mesmos, em vez de esperar que o mundo se ajoelhe para nos ajudar. Temos de lutar sem procurar descanso para manter o nosso coração a salvo de tudo o que procura escravizá-lo, convencendo-o de que a paz e a felicidade que aspira são impossíveis.
O mal não nos quer matar; quer-nos submissos a fazer-lhe as vontades todas. Esquecidos do que somos e que podemos ser. O mal quer-nos rendidos e é por isso que nos distrai ao ponto de, perdidos por entre tantos dos seus brilhos aparentes, fazer com que nos esqueçamos da luz.
Fortalece-te e guarda o teu coração como que num castelo. Mas não te deixes ficar aí. Vai ao encontro de outros corações desprotegidos e cuida deles.
Assegura-te de que não há nada por mais encantador ou temível que seja que desvie a tua atenção do caminho que tens de sonhar, construir e percorrer.
Terás de recomeçar vezes sem fim, e isso desgasta ainda mais do que os próprios combates, fazendo com que pareça que nenhum deles vale a pena e que, afinal, nada faz sentido. A vida é uma luta constante, não é a história de uma batalha difícil, única e definitiva, que se vence e com isso se alcança a grandeza para sempre. Não é assim.
O bem quer-nos vivos e a lutar pela vida, pela nossa e pela dos outros, sempre. Renovando a cada dia essa decisão de estarmos ao serviço do amor e com isso a caminho da nossa paz e da nossa felicidade, que devemos continuar a fazer por merecer. Todos. Juntos.
O nosso triunfo há de ser feito através de muitos fracassos e catástrofes. A nossa glória há de ser alcançada por termos conseguido manter a nossa fé, apesar de tudo.
José Luis Nunes Martins
in: imissio.net 13.09.24