O amor é firme, paciente e tranquilo. Aprende-se a amar e a humildade de nunca se dar por satisfeito é a razão pela qual não tem fim. Aqueles a quem amamos vão tendo necessidades diferentes, pelo que para ir ao seu encontro devemos estar atentos a eles, mais do que à nossa forma de amar. 

O amor é a resposta à vida. Só existe por ela e para ela, portanto, deve acompanhá-la sempre, adaptando-se a cada dia, a cada paisagem e a cada falta. O amor compensa todas as perdas porque é infinito e eterno, assim confiemos e nos entreguemos a ele.

Os males aprendem-se sem mestre e são muito mais difíceis de perder que os bens, para os quais é sempre preciso que a vontade esteja disposta a alguns sacrifícios. O sacrifício mais comum que o amor nos propõe é o abandono de nós mesmos e dos nossos desejos mais superficiais. É preciso renunciar ao poder e à vontade de dominar para servir, amando, aqueles de quem queremos ser instrumentos de alegria e felicidade.

Encontrar uma pessoa que ame é muito raro. Muitos são os que falam sobre o amor, mas falta-lhes sempre a consciência do que é a existência. Julgamo-nos quase sempre como estando e sendo acima dos outros, com feridas sempre mais dolorosas que os demais, com tragédias profundas e sonhos que, com injustiça, nunca se cumpriram… enfim, somos vítimas do que está à nossa volta. Ora, o amor não é algo que desça sobre nós e nos acerte como uma seta de um qualquer arqueiro divino. Isso é paixão e passa quase sempre muito depressa. O amor decide-se, é uma resposta voluntária e consciente cuja prática se deve renovar através de ações concretas a cada dia, ainda que depois de assim ter sido durante muitos anos até aí.

Não se ama de um momento para o outro. O amor faz-se grande através daquelas quase infinitas pequenas coisas que fazemos mesmo sem testemunhas, da mesma forma que as faríamos diante de uma multidão.

O amor aprende-se e precisa que quem é amado se abra um pouco, para dar algum sinal sobre aquilo que julga precisar para ser feliz. 

Amar é uma decisão que exige um esforço da vontade e que se deve concretizar numa infinidade de obras, belas, verdadeiras e úteis.

Nada falta a quem ama, porque só o amor é o bastante.

José Luis Nunes Martins

In: imissio.net 01.09.23