Caçador de Mim
Milton Nascimento
Por tanto amor, por tanta emoção
A vida me fez assim
Doce ou atroz, manso ou feroz
Eu, caçador de mim
Preso a canções, entregue a paixões
Que nunca tiveram fim
Vou me encontrar longe do meu lugar
Eu, caçador de mim
Nada a temer, senão o correr da luta
Nada a fazer, senão esquecer o medo
Abrir o peito à força, numa procura
Fugir às armadilhas da mata escura
Longe se vai sonhando demais
Mas onde se chega assim?
Vou descobrir o que me faz sentir
Eu, caçador de mim
Nada a temer, senão o correr da luta
Nada a fazer, senão esquecer o medo
Abrir o peito à força, numa procura
Fugir às armadilhas da mata escura
Longe se vai sonhando demais
Mas onde se chega assim?
Vou descobrir o que me faz sentir
Eu, caçador de mim
Forçado a passar um longo período de convalescença enquanto estava hospedado na casa de sua cunhada, Inácio de Loyola lhe pediu livros de guerra para passar o tempo, mas acabou tendo que se contentar com os únicos livros disponíveis: da vida de Jesus Cristo e de alguns santos. A partir dessas leituras, conhecendo os grandes feitos destes homens do passado, ele começou a refletir e sonhar: “E se eu realizasse isto que fez São Francisco? E isto que fez São Domingos?” A busca por um novo projeto de vida e a revisão profunda de sua identidade constituíram um capítulo de intenso discernimento em sua vida. “Caçador de mim” poderia ser um codinome de Inácio. “Nada a temer senão o correr da luta. Nada a fazer senão esquecer o medo. Abrir o peito à força numa procura, fugir às armadilhas da mata escura...” Decidido a mudar de vida e tornar-se peregrino, Inácio aplica toda sua coragem no que, reconheceria mais tarde, seria a maior de todas as batalhas: “vencer-se a si mesmo”.
02.08.23