Criação das artes plásticas e produtividade da natureza em Friedrich Schelling
Friedrich W. J. Schelling (1775-1854) nos permitiu repensar as relações entre arte e natureza, tema clássico da tradição estética e artística. Para ele, a natureza é uma força produtiva que se expressa nos minerais, nos seres vivos e nas obras de arte feitas pelos organismos humanos. O artista consegue, por meio de suas criações, moldar o aparente caos da natureza, resultando em belas obras, da mesma forma que a mente divina organiza o caos da matéria, tendo como resultado o mundo em que vivemos.
Um dos conceitos mais fecundos dessas reflexões estéticas de Schelling é seu conceito de mímesis, que apresenta uma dimensão ecológica, uma vez que nos faz pensar que a natureza deve ser compreendida em sua grandeza e impulso produtor, e não apenas como algo estático, inerte. Com essa visão, o filósofo romântico abre a possibilidade para um diálogo com a pintura abstrata (da qual tomamos como exemplos Wassily Kandinsky e Paul Klee) e com a estética moderna do século XVIII, na qual já se começa reconhecer a natureza como algo a ser transformado, e não apenas imitado.
Sobre o Autor: Gabriel Almeida Assumpção
Gabriel Almeida Assumpção é Doutor em Filosofia pela UFMG (2020), bolsista de Pós-Doutorado Júnior do CNPq, pesquisador de Friedrich von Hardenberg (Novalis) na Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP). Trabalha especialmente com o pensamento de Friedrich W. J. von Schelling, Novalis, Vittorio Hösle e Mihaly Csikszentmihalyi. Foi professor na Faculdade Jesuíta de Filosofia e Teologia; atualmente é Professor Adjunto I na PUC-Minas. É autor de vários artigos, tradutor de importantes obras no campo da filosofia e editou o volume Filosofia da Natureza e Filosofia do Mundo, parte do projeto “Obra filosófica inédita de Henrique Cláudio de Lima Vaz”, publicado em 2022 por Edições Loyola.