Inaugurado o Centro de Arte Popular Cemig que faz parte do Circuito Cultural Praça da Liberdade em Belo Horizonte. A exposição inaugural de longa duração apresenta ao público cerca de 360 peças, dentre manifestações dos primeiros habitantes da região com pinturas rupestres, até os grafismos urbanos contemporâneos.
Para demonstrar a diversidade da produção de arte popular do Estado de Minas Gerais, a mostra traz obras de várias regiões do estado, como o Vale do Jequitinhonha, Araxá, São João Del Rey, Ouro Preto, Belo Horizonte, Cachoeira do Brumado, Divinópolis, Prados e Sabará. Há fotos, vídeos, esculturas em madeira, cerâmica, instalações, peças de festas religiosas, ex votos pintados, oratórios, santos e pinturas populares de artistas como Noemisa, GTO, Artur Pereira, Maria Lira Marques, Dona Isabel, Dirléia Neves Peixoto, Ulisses Pereira, Lorenzatto e Dona Tonica, além de outros anônimos.
Além da exposição de longa duração, na abertura do Centro de Arte Popular foi inaugurada também uma mostra temporária, que apresentará uma coleção inédita de oratórios, santos e ex votos dos séculos XVIII e XIX, exposta pela primeira vez ao público. Dentre as 45 obras que compõem o conjunto, há uma raridade, que é um oratório de origem africana, do século XVIII, produzido por escravos e com peças feitas pelo Mestre Borboleta.

Centro de Arte Popular Cemig
Rua Gonçalves Dias, 1.608 - Funcionários
Belo Horizonte, MG
Tel.: (31)3222-3231

MOSTRA COLETIVA DO ATELIER DO JAMBREIRO
das artistas Aline Lage, Maria Inês Oliveira, Edelcy Seabra e Tânia Caçador
Local Exposição: Passo das Artes do Colégio Loyola
Av. do Contorno, 7919 - Cidade Jardim
Período: 15 de março a 02 de abril de 2012
O artista visual é uma pessoa que dedica sua vida à observação cuidadosa do mundo, retirando dele aquilo que julga singular para traduzi-lo, de maneira muito própria, à humanidade. Seria mais ou menos assim: quando o artista olha para uma paisagem, um objeto ou uma pessoa, por exemplo, percebe neles alguma coisa que lhe chama a atenção. Ele continua a olhar e o objeto parece dizer algo. Surge uma necessidade enorme de exprimir o diálogo silencioso que se estabelece entre ele e o objeto observado. Inicia-se o processo de criação. O artista vai para o atelier e escolhe a técnica mais adequada para expressar seus pensamentos e sentimentos: desenho, pintura, escultura, gravura... O trabalho sai do plano das ideias e toma corpo, respira, ganha vida a cada gesto do artista. Enquanto trabalha, ele analisa a obra em construção, conversa com ela, segue sua intuição de criador. Ao notar que não falta retocar mais nada, ele dá o processo por finalizado. A obra agora pode ser vista, sentida e decifrada por várias pessoas. Esse é, resumidamente, o processo de criação dos artistas visuais. A ele, cada profissional acrescenta seu toque pessoal, sua maneira de conceber a obra.
Modigliani, por exemplo, tinha grande atração por retratar mulheres. Em suas mãos, as figuras femininas do início do século XX ganhavam traços delicados e longos pescoços. Suas pinturas até hoje são de uma singularidade tão impressionante que, de alguma forma, convidaram a artista Aline Lages a iniciar seu processo de criação. Ela recriou o mundo de Modigliani, esticando ainda mais os pescoços das mulheres até se transformarem em verdadeiras girafas. Nasceu a série “Giragliani”, composta pela personificação de girafas que fazem poses, vestem roupas, se enfeitam e compõem um cenário bem colorido. O universo feminino também é tema que encanta Maria Inês Oliveira, que tece, pacientemente, tramas de fios de nylon preto. A artista cria desenhos que mesclam a minúcia do fazer ao desconforto das formas irregulares flutuantes no ar. Assimetria presente ainda nos objetos que inventa no computador, em infogravura, ou compõe com papel machê e pigmento de terra. A poética do objeto continua nas cerâmicas de Edelcy Seabra, tatuadas com pintura. Ao mesmo tempo, a tinta acrílica se dilui ou aglutina no papel, rebatendo figuras que criam padrões orgânicos aleatórios. Intensificando a técnica do carimbo, revela-se o trabalho de Tânia Caçador, que faz do ferro suas imagens. A artista imprime formas enferrujadas no pano branco que perdem a definição do objeto original e tornam-se símbolos de interpretações diversas. Assumem o lugar do divino, do natural, ou das tão variadas leituras efetuadas pelo espectador. É o que Sara Ávila[1] chama de “olhar vagabundo”; é ver sem limites, sem barreiras, sem pudores ou pretensões. Enxergar possibilidades criativas nas formas. É isso que propõem as quatro artistas envolvidas na mostra. Elas trazem para o Passo das Artes o resultado de um processo longo de pesquisa no Atelier do Jambreiro, em Nova Lima. Apresentam as inquietações que movem o grupo a fazer arte. E disponibilizam, generosamente, suas criações para serem mapeadas pelo olhar vagabundo de todos os visitantes que por ali passarem.
Amanda Lopes
15.03.2012
[1] Sara Ávila é artista visual, arte-educadora e coordenadora do Atelier do Jambreiro.

"Vozes do silêncio: Memória cultural - A Materialização do Intangível na Cultura de Belo Horizonte"
Instalada no andar térreo do casarão secular do Museu Abílio Barreto em BH, a mostra revela aspectos do patrimônio imaterial da religiosidade na capital. As festas tradicionais e populares de diversas manifestações religiosas são mostradas por meio de objetos, fotos, músicas e sensações, elementos que possibilitam a percepção do fenômeno religioso em Belo Horizonte.
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