Autor: Carlos Rafael Cabarrús sj
Edições Loyola
“E isso que se passa conosco, a respeito do qual Inácio soube muito, tem a ver, fundamentalmente, com os dois “rostos de nosso coração”: nossa ferida (nossa realidade machucada e vulnerada) e nosso poço de possibilidades e forças positivas. É nesse interagir dessas duas realidades que podemos ir encontrando a plenitude de nossa personalidade e descobrindo o sentido de nossa vida e nossa tarefa na história” (trecho do prólogo).
O livro trata do discernimento espiritual, tão importante para o cristão hoje. O autor recorre a imagens da experiência cotidiana, pois é no interagir das realidades de nossa ferida e de nosso poço de possibilidades que podemos viver com sentido.
A psicologia e espiritualidade inaciana também se abraçam neste livro.
Lucimara Trevizan
Equipe do Centro Loyola
15.10.2012
VITAL, J. D.: Como se faz um bispo segundo o alto e o baixo clero.
Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2012.
Jornalistas e romancistas interessam-se pelos meandros da vida eclesiástica quer de Roma quer de Dioceses. Mundialmente famoso o romance de Morris West As sandálias do pescador, publicado em 1963, se tornou um filme em 1968. O romancista australiano em várias obras abordou a temática religiosa, construindo personagens fictícias, mas verossímeis. A literatura e o cinema têm-se interessado por tal veio, focalizando ora a vida de papas, como a de Alexandre VI Poder e luxúria e outros papas, ora atividades ligadas diretamente ao Vaticano como a canonização ou os Templários, ou Sociedades secretas a ameaçá-lo Anjos e Demônios, ou a eleição do Papa como Habemus Papam, o Santo Graal O Código da Vinci.
Vital não voou até o Vaticano, embora esse apareça com frequência. Escolheu o intrigante tema da escolha de bispos. Com veio de excelente jornalista, entrevista pessoas, informa-se sobre a vida eclesiástica. Como ex-seminarista, carregava já conhecimentos e experiências da vida interna da Igreja. Apura-as nesse livro em torno do processo das nomeações de bispo.
Estilo vivo, permeado de entrevistas, de alusões a pessoas bem concretas, conhecidas no mundo eclesiástico. Para facilitar a compreensão do livro, propõe, logo no início, vocabulário de termos usados nesse ambiente.
A escolha do bispo segue ritual já previsto e determinado pelo Código de Direito Canônico. Há também aspectos sigilosos que nos surpreendem pelo fato de alguns menos dotados terem sido escolhidos para bispos ou promovidos para arquidioceses importantes, enquanto outros tão capazes são relegados.
Vital (foto ao lado), na qualidade de repórter, não perdeu tempo. Aproveitava as ocasiões no encontro com cardeais, bispos ou outras pessoas bem situadas na hierarquia para colher alguma informação sobre o tema do livro. Recebia respostas ora evasivas ou bizarras, ora com dados interesses.
O enfoque principal girou em torno da Igreja do Brasil. Entretanto perseguiu tenazmente noticiários mundiais onde se transmitiam elementos para compor o texto. Folheou inclusive teses doutorais como a do ucraniano Tkhorovsky, precisamente sobre O procedimento para a nomeação dos bispos. Evolução do Direito Canônico de 1917 ao de 1983, o livro do jesuíta Th. Reese Inside the Vatican [Por dentro do Vaticano], a obra de González Faus . Ningún obispo impuesto, escritos de teólogos importantes e críticos como Hans Küng, J. M.. Castillo, J. Comblin, além de sites progressistas como Adista e IHU. Com tantos dados e conhecimento, o livro faz-nos passear por meandros bem divertidos.
Com frequência recorreu a dados da história da Igreja, para confirmar atos presentes ou para mostrar a diferença, como, p. ex., a participação da assembleia dos fieis na nomeação dos bispos no passado em contraste com a atual centralização. Com efeito, esse sistema variou ao sabor das tradições, como o caso do Padroado no Brasil.
A leitura do livro nos prende pela farândola de dados bem tecidos e variados. Com rapidez salta do informativo, estatístico presente para elementos colhidos da história do passado. Conjuga fatos jocosos com frias constatações. Como muitos personagens ainda vivem ou morreram recentemente, o leitor eclesiástico segue com interesse as observações tecidas.
O estilo direto e claro torna os personagens vivos. Não lhe faltaram dúvidas sobre a pertinência de tal obra. Recebeu, porém, incentivos de padres e bispos para escrevê-la. E assim deixou-nos retrato da Igreja institucional. Certamente parcial, como toda fotografia. Mas com dados verdadeiros que somados a outros nos permitem sentir o momento eclesiástico presente.
O Autor tece o texto como uma rede. Narra um fato ou descreve um personagem em ligação com a teia de dados que tal lhe sugere tanto distante no tempo e no espaço, como próximo. O leitor navega continuamente por territórios bem diferentes a partir do ponto central exposto. Estilo bem jornalístico, móvil, ágil, rompendo toda monotonia histórica. Não escreve linearmente nem logicamente, mas por associações bem diversas e pormenorizadas.
Impressiona a gigantesca quantidade de informação que Vital armazenou para escrever o livro a respeito de pessoas, de situações, de obras, de instituições, de organizações eclesiásticas. Não as cataloga por relevância ou numa lógica acadêmica, mas as entrelaça pela via da ligação imaginativa. Isso torna a leitura leve, agradável.
Na perspectiva da nomeação de bispos, discorre sobre os Pontifícios Colégios Pio Latino e Pio Brasileiro, onde outrora se estudaram bispos brasileiros. Consideravam-nos, naqueles idos, como sementeira episcopal. Os bispos carregavam a marca romana. A Pontifícia Universidade Gregoriana viu e vê ainda glórias maiores. Por lá passaram 16 papas entre os ex-alunos.
Mereceu menção a Academia dei Nobili Ecclesiastici, fundada em 1701, para ser escola para a formação diplomática. Pio XI mudou-lhe o nome para Pontifícia Academia Eclesiástica, posta na órbita da Secretaria de Estado do Vaticano. Traça aspectos interessantes de sua história ao longo de mais de três séculos, onde estudaram autoridades pontifícias até não sacerdotais como o Card. Antonelli. Hoje se afirma o caráter sacerdotal da vocação diplomática na Igreja. Figuram no livro biografias de núncios de vários países. Não faltam exemplos edificantes de santidade entre eles além de certo toque de mundanidade em outros.
O Autor passeia pelos meandros da Congregação dos Bispos, que assessora de maneira direta e imediata o Papa na eleição dos bispos. Por isso a Cúria Romana merece detalhado estudo. Sobre ela já se escreveu muito. Uns consideram-na o primeiro Estado Moderno do Ocidente. Peter Drucker, especialista em Administração, mostra-se entusiasta declarado dos processos utilizados por ela. Ele dizia que “administrar é manter as organizações coesas, fazendo-as funcionar”, como acontece na Igreja Católica. A dúvida fica se a proximidade com a Cúria contribui para ser escolhido como bispo. Há casos que confirmam a hipótese. Eles serão eventualidades ou configuram alguma vinculação?
Em relação com a nomeação dos bispos, o A. detém-se no papel relevante dos núncios e suas assessorias nos diferentes países. A Igreja católica passou por situações plurais na escolha de bispos. Em dado momento, predominou o poder temporal. Depois se foi firmando a autonomia da Santa Sé e a crescente relevância dos núncios. Vital reproduz a ficha de informações que se pedem sobre o candidato a bispo. Elas abarcam os itens: notas pessoais, dotes humanos, formação humana, cristã e sacerdotal, comportamento, preparação cultural, ortodoxia, disciplina, aptidões e experiência pastoral, dotes de governo, capacidade administrativa, pública estima e juízo global sobre a personalidade do candidato e sobre sua idoneidade ao episcopado. Normalmente o processo segue ritual minucioso, sério, sigiloso e com enorme cuidado a ponto de Carlos Heitor Cony chamá-lo de “complicado, um mistério”. Claro, onde há seres humanos há vazamentos e caminhos paralelos.
O repórter Vital recolhe nos principais órgãos e junto a pessoas que influenciam em tal processo canônico saborosas informações, não sem toque de ironia. Dá nome a quase todas as fontes usadas de modo que o leitor fica conhecendo muitos personagens do mundo eclesiástico no que pensam e agem. Deparamo-nos com a realidade humana de bispos maravilhosos como Dom Helder, Dom Luciano, Cardeal Arns, Dom Isnard, Dom José Maria Pires. Vários deles mereceram todo um capítulo. Além disso, Vital deu a palavra a inúmeros bispos de todas as cores ideológicas, mas com predominância dos abertos e progressistas. Não omitiu o lado escuro dos casos de pedofilia. Revela assim o retrato da Igreja santa e pecadora. Nem lhe faltou abordar a tristemente afamada invidia clericalis que interfere sobretudo nos vetos às nomeações ou retarda-as. Tratou do preconceito racial que vigeu a respeito da autenticidade da vocação do negro para a vida religiosa e para a ordenação presbiteral, e com mais razão ainda episcopal. Acenou várias vezes para o famoso carreirismo eclesiástico, doença comum a toda instituição, da qual a Igreja não se isenta. Circulam até algumas regras para desenvolver tal atitude, com certo tom de brincadeira, que, porém, contém ponta de verdade.
A riqueza do livro lhe vem da amplitude continental dos dados presentes e das inúmeras incursões históricas. Esse jogo entre presente e história faz uma das riquezas do texto. As afirmações do A. não permanecem no geral, mas se carregam de exemplos concretos e bem definidos a torná-las assim claras. A leitura deixa-nos a ideia de que nos últimos tempos a política da escolha dos bispos privilegiou homens submissos, com tendência conservadora, afinados com os ensinamentos oficiais sem criticidade, que ironicamente são chamados de “vaquinhas do presépio”. “Não se fazem mais bispos como antigamente”, observa Vital, ao constatar o “lamento que, vez em quando, se ouve de padres e sobretudo de religiosos que se sentiram cativados pelas figuras de Helder Câmara, Paulo Evaristo Arns, Pedro Casaldáliga, Ivo Lorscheiter, Aloísio Lorscheider, Mauro Morelli, Luciano Mendes de Almeida, Tomás Balduino e outros prelados que honraram a Igreja do Brasil nas últimas décadas do século XX”, como escreve o bispo de Dourados, MS, dom Redovino Rizzardo. Mas não faltam exceções de homens profetas como Erwin Kräutler, Luiz F. Cappio, J. L. Azcona, Esmeraldo Barreto de Farias, Moacyr Grechi e outros, cita o mesmo bispo.
Percorre casos de bispos que causaram embaraço para Igreja por atitudes bizarras. O britânico Richard Williamson teve que abandonar apressadamente a Argentina por ter negado a veracidade do Holocausto judeu no nazismo. Outros fatos muito divulgados giraram em torno do africano Milingo, ligado a sessões de cura, do francês Gaillot que participou da Gay Pride, de ordenação de bispos na China sem mandato apostólico, de bispos ligados ao cismático Mgr. Lefebvre, do casamento de bispos como o do argentino Podestá e o do brasileiro Marcos Noronha.
Nem faltaram no livro considerações sobre a situação do bispo emérito com as alegrias e tristezas inerentes à nova condição, sem esquecer o lado econômico de sua sobrevivência. Apesar da discrição da Igreja sobre vencimentos de sua hierarquia, sabe-se, porém, escreve Vital, que não chegam nem perto da remuneração de um embaixador do Brasil, ou de deputado ou senador. Alguns conhecem até privações depois de aposentados.
Ao terminar o livro, fica a impressão da seriedade que a Igreja atribui à seleção dos bispos. Pode errar. Mas pesquisa, informa-se, busca acertar. O leitor se vê quase submergido por tanta informação, dados, citações de conversas, referências de livros. Texto rico, disperso pela natureza própria do jornalismo. Não assume nenhum tom acadêmico ou doutrinal, mas deixa-nos perguntas profundas sobre o futuro da Igreja no referente à nomeação de seus pastores. No decorrer da leitura, muita beleza aparece na vida de tantos e tantos bispos. Boa viagem pelas paragens eclesiásticas do Brasil e do mundo!
Pe. João Batista Libânio sj
15.09.2012
De Elizabeth Gontijo
Editora & JM, 124 páginas
“A Beleza dos restos” é o último livro de poesia de Elizabeth Gontijo, querida amiga do Centro Loyola. Lançado no ano passado é seu sexto livro de poemas que saiu também em versão digital e bilíngue.
Bebeth tem o olhar atento para o cotidiano e dele faz poesia. A beleza dos restos nos faz descobrir e contemplar esses “restos” que constituem nossa vida. “É possível a vida abraçar restos”, afirma Elizabeth. Delicada como autora, sua poesia conduz ao silêncio, ao espanto, a beleza.
Veja a entrevista de Elizabeth na Rede Minas de Televisão:
Parte 1
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Parte 2
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Equipe do Centro Loyola
15.09.2012
Autor: Elton Vitoriano
Edições Loyola
O livro Reconhecimento ético e Virtudes é uma investigação do universo simbólico da sociedade contemporânea e sua dinâmica intersubjetiva. Este estudo foi realizado confrontando as posições dos três filósofos: Henrique Cláudio de Lima Vaz, Charles Taylor e Alasdair MacIntyre. Apesar de perspectivas diferentes, os três filósofos apresentam certas opções filosóficas coincidentes.
Para MacIntyre, os fundamentos da lei e das virtudes devem ser buscados nas tradições e nas relações intersubjetivas que constituem uma determinada comunidade. O vínculo central é uma visão dos bens comuns partilhados pelos membros de determinada tradição e comunidade. Esta é a forma de restituir a inteligibilidade e a racionalidade no empenho moral e social das sociedades contemporâneas. Taylor reinterpreta a questão do reconhecimento ético hegeliano. Para ele o homem é um animal social que age privilegiando certos fins e valores que são compartilhados socialmente. Estes fins e valores fazem parte do horizonte de sentido compartilhado a partir do qual cada indivíduo vive sua identidade. A partir de Hegel, Taylor interpreta a eticidade e a racionalidade como sendo fundadas socialmente. Por sua vez, Lima Vaz herda de Aristóteles a interpretação do ethos como mundo das coisas humanas. Mundo onde o ser humano vive racional e livremente suas práticas éticas, as quais se traduzem em exercícios das virtudes como uma ordenação permanente e progressiva do agir ético ao horizonte universal do bem. Assim, a virtude, como qualidade do sujeito e como movimento para um crescimento humano, é a categoria segundo a qual deve ser interpretada a universalidade da razão prática operando na vida do indivíduo e na vida da comunidade. De Hegel, Lima Vaz herda a questão do reconhecimento como o primeiro momento para a efetivação concreta da autoafirmação do sujeito como eu, que acontece sempre no encontro com o outro. Neste encontro, o co-existir é constitutivamente um co-existir em um espaço ético, espaço de relações, de fins comuns e de horizontes partilhados.
O itinerário deste livro tem em vista, pensando junto com os autores, empreender uma análise crítica da configuração ética da sociedade contemporânea e uma discussão da dinâmica da intersubjetividade ética a partir dos conceitos de reconhecimento e virtudes. A crítica se apresenta como primeiro momento do esforço filosófico de compreender a realidade.
Equipe do site
01.09.2012
Autor: Afonso Murad
Editora: Edições Paulinas e Editora Santuário
Este livro “Maria, toda de Deus e tão humana” é uma edição atualizada e ampliada do livro da coleção LBT que trazia este mesmo nome e que não será mais reeditado. Esta nova edição é um verdadeiro Compêndio de Mariologia, que apresenta a visão cristã acerca da Mãe de Jesus na Bíblia, nos Dogmas, na devoção popular e na Liturgia.
O Ir. Afonso Murad, resgata os dados fundamentais da Bíblia e da Tradição Eclesial, articulando-os com as correntes teológicas atuais. Apresenta uma mariologia em estreita ligação com outras disciplinas teológicas, como a teologia bíblica, a cristologia, a trindade, a antropologia teológica, a liturgia e a escatologia. Especialmente importantes são os capítulos dedicados ao dogma de Maria, mãe de Deus, Imaculada Conceição e da Assunção de Maria, bem como o esclarecedor e, último capítulo, sobre as aparições.
O livro possui linguagem simples, profunda, com textos complementares de vários autores no final de cada capítulo. É um texto-base para o estudo de mariologia nos cursos de Iniciação Teológica para leigos(as) e para cursos seminarísticos e acadêmicos de teologia. Dirige-se também a líderes cristãos de pastorais, movimentos e todos aqueles que buscam um estudo mais atualizado sobre Maria, a Mãe de Jesus.
Equipe do Centro Loyola
15.08.2012
GASDA, Élio Estanislau (org.).
Petrópolis: Vozes; Goiania: Editora PUC/Goiás, 2012. 310 páginas.
Na origem deste livro está o grande impulso dado pelo Concílio Vaticano II (Dei Verbum) na redescoberta da Palavra de Deus, retomado no pontificado de Bento XVI na Verbum Domini - Exortação apostólica pós-sinodal sobre a Palavra de Deus na vida e na missão da Igreja (2010). É, também, uma homenagem a Johan Konings, um dos grandes expoentes dos estudos bíblicos do Brasil, por ocasião de seu 70º aniversário natalício. Seu itinerário intelectual está marcado pelo serviço à Palavra de Deus.
Este livro é uma rigorosa seleção de textos que, partindo da Palavra de Deus, abordam os diversos campos de estudos da teologia: Exegese Bíblica e Hermenêutica, Teologia Fundamental, Cultura e Revelação, Liturgia e Espiritualidade, Ética e Pastoral. A originalidade desta abordagem plural manifesta como a Palavra de Deus vai ganhando sentido vivo e atual pelo espírito à medida que é interpretada com vistas ao mistério da salvação revelado pela própria “Palavra”.
A profundidade dos textos é uma amostra concreta de como a leitura atenta e respeitosa da Palavra de Deus enriquece a fé e a práxis do ser cristão (Johan Konings). Em poucas obras desta índole se encontra uma combinação de autores tão qualificados pertencentes à diversas áreas da teologia, oriundos de distintas instituições acadêmicas. Neste sentido, o livro oferece uma contribuição imprescindível para a Igreja, cujo foco deve ser sempre o Verbo Encarnado, manifestado ao mundo de forma definitiva: Toda a Escritura divina encontra em Cristo a sua realização.
Equipe do Centro Loyola
01.08.2012
Afonso Murad e Vera Bombonato (Org)
Teologia para viver com sentido é um livro homenagem ao teólogo brasileiro João Batista Libânio, por ocasião de seus oitenta anos de vida. Nele, articulam-se textos teológicos de nível acadêmico com aspectos pastorais e testemunhais, escritos de forma original e atraente, que são inseparáveis na trajetória de Libanio. Somados à relação de sua vasta produção teológica, têm como objetivo ajudar a conhecer e compreender a magnitude deste homem que é, sem dúvida, um dos maiores nomes da teologia em nosso país e na América Latina.
Organizado com a contribuição dos Programas de Pós-Graduação de Teologia da Faculdade Jesuíta (FAJE) e da PUC-Rio e do PPG de Ciências da Religião da PUC-Minas, esta obra dialoga com Libanio a partir do horizonte da Teologia Fundamental. Trata de pensar a experiência religiosa e a fé em perspectiva de diálogo com a sociedade contemporânea, plural e multiforme.
Equipe do site
15.07.2012
Deus na literatura brasileira contemporânea.
Geraldo De Mori, Luciano Santos, Carlos Caldas (orgs.)
Edições Loyola, 2012.
O livro é uma coletânea de estudos de autores de diversas áreas do saber: teologia, literatura, filosofia. O objetivo é mostrar como Deus se inscreve nas obras poéticas e literárias do Brasil contemporâneo. Não é um livro de análise literária minuciosa, mas apresenta novas possibilidades de interpretação e descoberta do mundo que a literatura e a poesia oferecem.
Jorge de Lima, Murilo Mendes, Malba Tahan, Augusto dos Anjos, Guimarães Rosa, Clarice Lispector, Adélia Prado, João Ubaldo Ribeiro e outros, são analisados pelo olhar atento de várias pessoas. Destaco o texto de Maria Clara Bingemer sobre “Deus: experiência originante e originada. O texto materno teologal de Adélia Prado” e o texto de Marília Murta “Lori e o Deus (ou: A experiência do sagrado em um romance de Clarice Lispector”. Mas, o livro todo é saboroso, como é a literatura, lugar da Beleza.
Lucimara Trevizan
Equipe do Centro Loyola
01.07.2012
Anton Tchékov
L&PM, 2012
Em muitas listas, não em todas porque unanimidades não existem, Tchékov seria apontado como um dos 5 maiores contistas da literatura mundial. Russo de nascimento, Tchékov (1860-1904), célebre também pelas peças que continuam a ser encenadas no mundo todo, é autor de numerosos contos, dos quais muitos estão disponíveis em língua portuguesa. Aproveite sua próxima folga e corra para este pequeno volume, ao preço de meros 5,00 reais, que reúne oito contos. Esteja certo de que neles que você vai reconhecer a matéria de que é feito o nosso cotidiano, contada com rara maestria: a humilhação que infringimos ou sofremos, a maldade de que somos capazes, a coragem diante do infortúnio, a presença avassaladora do amor, os acontecimentos que atropelam nossas melhores intenções, o pó que, às vezes, cobre nossas vidas e as sempre possíveis reviravoltas.
Tchékov possui algumas virtudes que fazem dele um clássico: ao invés de julgar, compreende, ao invés de tomar partido, respeita a diversidade tão própria da condição humana. E, no final das contas, em não importa qual circunstância, toma o partido da humanidade, cuja fragilidade não deve impedir, que cada um de nós, na medida do empenho de que formos capazes, recuse o percurso que um suposto destino nos prescrevia.
Não se surpreenda se você se reconhecer num personagem: vai acontecer.
Ricardo Fenati
Equipe do Centro Loyola
15.06.2012
Sarah Bakewell
Objetiva, 2012
Não se engane, não estamos diante de mais um livro de auto-ajuda. Que nos ajudem a viver, que enriqueçam nossas vidas e que nos tornem mais humanos, tudo isto é o melhor destino dos livros e é o que se passa com as grandes obras, vivemos melhor quando as conhecemos. Mas os livros de auto-ajuda à nossa volta estão longe disso: ansiosos pela entrega das respostas, sequer chegam a perceber o que está em jogo. Desconhecedores da dor e da infinita diversidade da vida, é de pouco valor o que têm a ensinar. Mas este Como Viver não é nada disto. Ocupando-se de Montaigne, celebra, em mil ocasiões, a quota de alegria que nos cabe enquanto humanos. Se não podemos tudo, e não podemos mesmo, não faltam motivos e nem oportunidades para que levemos uma vida onde o contentamento tenha o seu lugar. Escritor no Renascimento, Montaigne sabe que está diante de uma aurora. Finda a Idade Média, é preciso navegar em direção a um continente propriamente humano. É essa a coragem de Montaigne, é a essa coragem que ele, sem cessar, nos convida. Aceite o convite.
Ricardo Fenati
01.06.2012
Pe. Delmar Cardoso (Org.)
Edições Loyola, 2012
O livro Jesuítas e Filosofias: perspectivas história e atitudes põe o leitor brasileiro em contato com o tema da importância do estudo da filosofia para os jesuítas.
Na sua primeira parte, o livro traz dois documentos escritos pela Equipe Jesuíta Latino-Americana de Filosofia, um grupo de jesuítas que trabalham com filosofia em diferentes países da América Latina. Nesta parte, explicita-se o porquê do estudo da filosofia numa instituição como a Companhia de Jesus, neste contexto de rápidas mudanças em que vivemos.
A segunda parte do livro traz um panorama da história da relação entre jesuítas e filosofias. Na terceira parte do livro, há um texto de João Mac Dowell sobre o sentido do estudo da filosofia no caminho formativo de um jovem jesuíta e um texto de Emilio Brito, filósofo cubano radicado em Lovaina, sobre a relação entre os Exercícios Espirituais de Santo Inácio de Loyola e a modernidade.
Equipe do site
15.05.2012
O livro foi organizado por Delmar Cardoso sj, professor de filosofia da Faculdade Jesuíta de Filosofia e Teologia (FAJE), é fruto de atividades da Faculdade Jesuíta, que completa 30 anos em Belo Horizonte em 2012.
Pensadores do Século XX, em 12 capítulos, apresenta importantes nomes da história das ideias pertencentes cronologicamente ao século XX: Martin Heidegger, Leo Strauss, Paulo Freire, Jürgen Habermas, Ludwig Wittgenstein, Hannah Arendt, Simone Weil, Maurice Blondel, Emmanuel Levinas, Edmund Husserl, Henri Bergson e Henrique de Lima Vaz. Os professores que o escreveram são especialistas nesses pensadores. Os textos tiveram sua origem no projeto Sexta Filosófica, que é uma atividade do programa de pós-graduação de filosofia da FAJE, que visa abrir a discussão filosófica para um público mais amplo.
Equipe do site
01.05.2012
Autor: Luiz Felipe Pondé
Editora Benvirá 2011
Livros que associem agudeza e simplicidade são, como sabemos, raros. Quando o assunto abordado é, frequentemente, vítima da hermenêutica do bandido e do mocinho, como costuma ser o caso da religião, um volume com estas características deve ser celebrado. É o caso do presente livro.
Depois de passar com rapidez, mas não sem acuidade, pela história da Igreja Católica, Pondé enumera os medos católicos ( é dele a expressão), quase sempre decorrentes da progressiva secularização de nossa sociedade. À exposição desse elenco de medos, segue-se a proposta romana do seu enfrentamento. Sem qualquer cerimônia, as origens das feridas são expostas: os avanços da ciência, o movimento gay, a emancipação feminina e, mesmo, as dificuldade criadas por movimentos internos à Igreja como a teologia da libertação ou a crítica associada à teologia liberal. E a mesma atenção é dedicada aos esforços de Roma para a cura da dose de sofrimento trazida por esta mesma modernidade. Dois méritos saltam à vista. Primeiro: modernidade e tradição católica são examinadas à luz de sua sensibilidade para com os dramas permanentemente associados à condição humana. Segundo: é ressaltado, ao longo do livro, o pertencimento do catolicismo a uma tradição intelectual construída à medida que a civilização ocidental se consolidava.
Ao ver o catolicismo também como um campo de idéias, Pondé indica uma direção mais conseqüente e rigorosa para o debate sobre a religião, distanciada, em igual medida, da ansiedade dos crentes ou das bravatas dos ateus.
Ricardo Fenati
15.04.2012
Autor: Leonardo Boff
Editora Vozes, 2011
Neste livro o autor tenta responder o que é o Cristianismo e lembra a resposta de um mártir diante da mesma pergunta feita por seu torturador:
“Um mistério de simplicidade. Deus nos amou tanto que se fez também um de nós. E nos amou até o fim, mesmo quando nos fizemos seus inimigos. Pois, o pregamos na cruz. Mas, por surpresa de todos, ressuscitou ao terceiro dia. E agora está aqui em nosso meio. De sua boca ouvimos e de sua vida aprendemos: quem tem o amor tem tudo, pois, o amor é o nome próprio de Deus. Por isso, devemos amar a todos, incondicionalmente, como te amo a ti que me torturas e me condenas à morte”.
Na primeira parte do livro o autor faz uma belíssima síntese da mensagem que o cristianismo anuncia a partir das novas descobertas das ciências em relação à origem do universo. É uma bela releitura das origens segundo a ciência e a fé.
Na outra parte do livro o autor narra a vida de Jesus Cristo, também a partir da exegese bíblica atual. Ressalta a centralidade da fé em Jesus Cristo.
O livro é um convite a contemplar a simplicidade da mensagem cristã.
Karla Bianca F. Ribeiro
30.03.2012
De Botton, Alain. Religião para Ateus.
Rio de Janeiro: Intrínseca, 2011.
Numa época onde a controvérsia que opõe ateus (ou ateístas?) a crentes parece crescer, é mais do que oportuna a leitura de “Religião para ateus”. O paradoxo exemplificado pelo título prossegue ao longo da obra: o autor, um ateu confesso, lamenta que os opositores da religião, com sua aflição doutrinária, ignorem a sabedoria humana - demasiado humana – depositada na experiência religiosa. Mas que os crentes, por sua vez, não se afobem: os argumentos com os quais o valor humano da religião é defendido são inesperados e nada ortodoxos. É esse o mérito maior do livro: indicar a complexidade de um debate que excede, de muito, a forma que ele frequentemente assume entre nós.
Ricardo Fenati
15.03.2012
Walter Andrade Parreira
Mandamentos Editora, Belo Horizonte, 2011
O Livro é uma saborosa meditação sobre cada parte do Pai Nosso. É um convite a meditar cada palavra, a mergulhar no significado profundo de cada súplica do Pai Nosso.
“Que eu entenda sempre, também, Senhor, que tudo o que acontece tem um sentido e que eu seja capaz de aceitar o que preciso aceitar e de recusar o que devo recusar.... Que nosso coração não se deixe conduzir, meu Pai, pelas coisas da ira e, ao contrário, que ele seja sempre guiado pela docilidade, pela meiguice, pela brandura, pela ternura, pela candura, pela doçura. Que Vós planteis nele a simplicidade e a humildade, a mansidão, a serenidade e a paz...”
O livro traz uma surpresa que é um CD com a meditação do livro na voz de Dom Aloísio Vitral. Um convite a contemplar o Pai Nosso na vida.
Lucimara Trevizan
01.03.2012
Frei Betto, Marcelo Gleiser e Waldemar Falcão
Rio de Janeiro, 2011, Editora Agir
Neste Livro o teólogo Frei Betto e o astrofísico Marcelo Gleiser conversam sobre a Fé e a Ciência, num diálogo mediado por Waldemar Falcão.
O livro escrito em forma de diálogos mantém uma linguagem leve e coloquial e nos aproxima dos interlocutores. Ao contrário do que se espera é difícil encontrar discordância ao longo do diálogo. Os argumentos são em geral complementares.
Marcelo Gleiser nos aproxima da ciência e de maneira simples nos faz ficar fascinados pelas descobertas atuais. Frei Betto mostra que fé e ciência não se opõe e que a fé precisa de conhecimento para se sustentar e destaca a importância da teologia. Ambos dizem que o fundamentalismo é a postura responsável por fazer o embate entre ciência e fé terminar em briga. “Nos precisamos baixar a bola, ter humildade; a falta de humildade leva ao fundamentalismo”, analisa Frei Betto.
Independente das convicções de cada um, em Conversa sobre a fé e a ciência, Frei Betto e Marcelo Gleiser, mostram que esses dois mundos podem, sim, dialogar. “Temos que desenvolver, por meio da ciência, a busca da verdade pelos caminhos da dúvida e a busca de Deus pelo caminho da tolerância”, pondera Frei Betto.
Marcelo Gleiser assim fala no último capítulo: “Aprendemos que somos feitos de poeira de estrelas, que estamos no cosmo e o universo está em nós. Para mim, essa união é profundamente espiritual e nos foi revelada pela ciência”.
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